Os deputados federais Carla Zambelli e Gustavo Gayer, ambos do Partido Liberal (PL), foram condenados pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização por danos morais a uma professora, após terem divulgado o número de telefone da educadora em redes sociais. O episódio ocorreu depois que a professora enviou uma mensagem privada a Zambelli, chamando-a de “fascista”.

Em resposta, a deputada compartilhou os prints da conversa em suas redes sociais, revelando o telefone da professora, ação que foi replicada por Gayer durante uma live no Instagram. Conforme registrado nos autos, após a divulgação de seus dados pessoais, a docente passou a receber ligações e mensagens ofensivas, o que, segundo seus advogados, prejudicou sua “tranquilidade e sensação de segurança”.

A sentença foi proferida pela juíza Camila Franco de Moraes Mariani, da 21ª Vara Cível, que fixou a indenização em 3 mil reais, um valor bem abaixo do que foi solicitado pela professora. Os advogados da vítima haviam pedido inicialmente R$ 117.ooo,oo de indenização sob alegação de que ela perdeu a “tranquilidade e sensação de segurança”. No entanto, Camila Franco não atendeu o pedido devido ao tom ofensivo da mensagem que a professora enviou à deputada.

A juíza destacou que os deputados estavam conscientes das possíveis consequências de divulgar as informações da professora, considerando o grande alcance de suas redes sociais. Em sua decisão, ela afirmou que os parlamentares “procuravam incentivar que seus seguidores oferecessem algum tipo de represália diante das palavras proferidas pela autora”.

Zambelli chegou a solicitar compensação por danos morais, alegando que a mensagem enviada pela professora era desrespeitosa. No entanto, a juíza rejeitou o pedido, argumentando que foi a própria deputada quem tornou o conflito público, agravando a situação.

Ainda cabe recurso contra a decisão, tanto pela professora quanto pelos deputados condenados. A reportagem não conseguiu localizar a defesa da professora.

O que dizem os deputados

Em resposta, Carla Zambelli enviou a seguinte nota:

“No dia em que recebi a mensagem agressiva da pessoa que me processou, contendo ofensas como “Vsf fascista do kralho”, meu objetivo foi expor o teor das mais de 60 mil mensagens ofensivas que recebi naquele dia após meu número de celular ter sido vazado. Agi motivada pelo dever cívico de revelar os responsáveis pelo verdadeiro “Gabinete do Ódio”. Muitas dessas mensagens continham conteúdos pornográficos; a que publiquei da autora do processo foi uma das mais brandas. É curioso observar a inversão de valores: quem ofende não é punido, enquanto a vítima da ofensa ainda é condenada a pagar indenização”.

O Jornal Opção também procurou o deputado Gustavo Gayer, mas ele, como sempre faz com a imprensa, respondeu com uma receita de bolo.