Justiça condena a mais de meio século o autor do primeiro feminicídio de Pirenópolis
18 novembro 2025 às 09h55

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O Tribunal do Júri da comarca de Pirenópolis proferiu a sentença condenatória contra Fernando Jacinto da Silva Lima, marcando o desfecho do primeiro caso de feminicídio submetido a julgamento popular na cidade. O réu recebeu uma pena privativa de liberdade de 55 anos, 6 meses e 27 dias de reclusão pelo assassinato de sua companheira, Aranalla Janaína Amorim Nascimento.
O crime foi caracterizado pela extrema violência, uma vez que o homem atacou a vítima com mais de 30 facadas dentro da residência do casal, no centro da cidade turística.
A sessão do Tribunal do Júri, realizada em Pirenópolis, resultou na condenação do criminoso por feminicídio, tipificação que ocorre, conforme a lei, quando uma mulher é morta especificamente “por ser mulher”, em um contexto de violência doméstica e familiar.
O Conselho de Sentença, após a análise das evidências, reconheceu de forma a materialidade e a autoria do crime. Consequentemente, os jurados rejeitaram a tese de absolvição apresentada pela defesa e descartaram a possibilidade de classificar o ato como homicídio privilegiado.
Além disso, os jurados acataram as qualificadoras que aumentaram a pena imposta. Especificamente, o júri popular considerou que o crime foi cometido por meio cruel e com um recurso que dificultou a defesa da vítima, nos termos previstos pelo artigo 121-A, §2º, inciso V, do Código Penal.
Pena de reclusão e reparação de danos morais
A juíza Mariana Amaral de Almeida Araújo, titular da Vara Criminal da comarca, presidiu a sessão. Ela não apenas fixou o regime inicial fechado para o cumprimento da extensa pena, mas também determinou a execução imediata da condenação, mantendo a prisão preventiva do réu.
Adicionalmente à pena privativa de liberdade, a Justiça impôs uma condenação pecuniária ao réu. Fernando Jacinto da Silva Lima foi sentenciado a pagar o valor de R$ 300 mil, a título de reparação de danos morais, aos familiares diretos da vítima.
A decisão da multa considerou o sofrimento imposto aos pais e, especialmente, aos dois filhos da vítima, um menino e uma menina, ambos em idade escolar, destacou o tribunal.
Relembre o caso
Segundo os autos, o assassinato de Aranalla Janaína Amorim Nascimento ocorreu no dia 28 de abril de 2025, na quitinete onde o casal vivia, situada no centro de Pirenópolis.
O relacionamento entre Fernando e Aranalla era permeado por um ciclo de abusos e controle. O Tribunal sublinhou que a convivência era marcada por ciúmes excessivos, controle rígido do uso do celular da vítima e, inclusive, inspeções no corpo de Aranalla na busca por sinais de suposta traição.
Foi nesse ambiente de violência que o criminoso desferiu mais de 30 facadas contra sua companheira. Em seguida, a vítima foi socorrida e internada, mas, em razão da “gravidade das perfurações e o risco de sufocamento”, Aranalla não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer após quase um mês de internação.
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