O nome de Jorge Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), tem ganhado força nos bastidores de Brasília como favorito à próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas sua trajetória vai muito além da esfera jurídica: Messias é um evangélico atuante, com forte presença nas igrejas e habilidade rara de dialogar com

Desde 2016, Messias frequenta a Igreja Batista Cristã em Brasília. É descrito por aliados como um “evangélico raiz”, com perfil alinhado à chamada “esquerda conservadora”. Aos domingos, costuma publicar vídeos nas redes sociais lendo salmos e desejando bênçãos para a semana, reforçando sua identidade religiosa pública.

Sua participação em eventos como a Marcha para Jesus, organizada pelo bispo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, mostra seu esforço em se aproximar das bases evangélicas. Em edições anteriores, foi vaiado ao mencionar o presidente Lula, mas neste ano foi aplaudido após um discurso repleto de referências bíblicas e entrega de uma carta presidencial ao bispo.

Caso seja indicado, Messias será o segundo ministro evangélico na história do STF, ao lado de André Mendonça, presbiteriano nomeado por Jair Bolsonaro. A possibilidade é vista como um marco por lideranças religiosas, que enxergam na nomeação uma chance de ampliar a representatividade da fé na mais alta instância do Judiciário.

O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), um dos principais nomes da bancada evangélica, declarou apoio à indicação e pediu que a direita conservadora não se oponha à nomeação de “um irmão na fé”.

Messias mantém interlocução com representantes das chamadas “igrejas históricas”, como batistas e presbiterianos. A Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) já o reconheceu como figura importante nas discussões sobre temas como o Plano Nacional de Educação, durante o governo Lula.

Messias participou em 2004 de vídeos da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, com o tema “o que pensam os evangélicos petistas”. Defendeu a laicidade do Estado como garantia para o livre exercício da fé. Dentro do partido, é visto como um elo entre Lula e as igrejas, capaz de manter diálogo com lideranças religiosas de diferentes perfis políticos.

Tensão diplomática

Recentemente, Messias foi alvo de sanções do governo dos Estados Unidos, que revogou seu visto de entrada em meio ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. Em resposta, classificou a medida como incompatível com a tradição diplomática entre os países e publicou um artigo no The New YorkTimes criticando a falta de diálogo da gestão republicana.

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