Desenrolar de diversos eventos durante a pré-campanha propiciou a improvável aliança PMDB-DEM

Alguns prefeitos do DEM afirmam dar apoio irrestrito para Marconi Perillo caso Ronaldo Caiado (direita) feche aliança com Iris Rezende. Fotos: Jornal OpçãoEstá prevista para esta quarta-feira (18/6) a tão aguardada oficialização da parceria entre o pré-candidato ao governo pelo PMDB, Iris Rezende, e o deputado federal e pré-candidato ao Senado Ronaldo Caiado (DEM) para as eleições deste ano, enlace divulgado em primeira mão pelo Jornal Opção Online ainda na quinta-feira da semana passada. Impensável há pouco tempo, a aliança só será possível após uma série de alterações em acordos pré-estabelecidos.

Da parte do democrata, a aliança com o PMDB era uma situação considerada praticamente impossível. Entre os maiores impedimentos estava a união de longa data do partido com o PT. Como se sabe, o Democratas e a sigla da presidente Dilma Rousseff são partidos incompatíveis ideologicamente e uma composição seria descartada por ambas as partes. Assim, a aliança do partido de Caiado com o PMDB só pôde ser cogitada com a consolidação da pré-candidatura de Antônio Gomide ao governo diante da cisão que o PMDB sofria.

Até então, pairava no ar a provável candidatura de Friboi depois que Iris acabou se afastando da disputa. O ruralista e o empresário têm uma rixa velada devido a questões de negócios, o que se colocava como outro impedimento para a aliança. Isso, no entanto, não impediu que a composição naquela época também fosse cogitada, ainda que não tenha havido oficialmente uma conversa entre ambos para tratar de questões políticas.

Foi só quando Iris retornou como pré-candidato que a aliança DEM-PMDB pôde ser firmada. Para que isso ocorresse, porém, a sigla de Iris teve que fazer algumas concessões, como por exemplo não apoiar nenhum candidato à presidência – o vice-presidente da República e pré-candidato à reeleição, Michel Temer, é do partido. Um apoio a Eduardo Campos, pré-candidato do PSB, conforme cogitado anteriormente, impediria uma possível aliança com o PT no segundo turno, algo essencial para qualquer candidato da oposição que despontar entre os mais bem votados.

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Aliança com o PSB, aliás, era uma situação tida como praticamente certa quando se pensava na trajetória de Caiado para o pleito deste ano. Uma terceira via formada por PSB, DEM, PDT e PRP era uma das poucas certezas que se tinha no início da pré-campanha. Logo, porém, a aliança se desfez e dela só o que restou foi a parceria entre Vanderlan Cardoso e o peerrepista Jorcelino Braga.

Caiado foi simplesmente vetado da chapa assim que a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva oficializou seu projeto em conjunto com Eduardo Campos. Ela afirmou não querer a aliança de seu partido com um “histórico inimigo dos trabalhadores rurais” e praticamente implantou Aguimar Jesuíno – pré-candidato ao Senado — como substituto do Democrata.

Já o PDT, de Flávia e George Morais, se retirou da chapa com o PMDB por conta própria. Enquanto os dois partidos estavam próximos quando tudo apontava para uma candidatura de Friboi, os pedetistas penderam para o tucanato logo que toda a estrutura para a campanha que lhes era prometida foi embora juntamente com a pré-candidatura do empresário.

Todo esse imbróglio deixou Caiado e Vanderlan por algum tempo ilhados. O primeiro já não via condições de retornar à base marconista, já que ele mesmo se distanciou dela (contra a vontade da maior parte de seu partido) tecendo críticas à gestão de Marconi Perillo (PSDB). Já o segundo se viu sem seu maior parceiro e puxador de votos, sem perspectivas de encontrar um substituto à altura – e assim permanece até hoje.

Agora, Caiado deve atrair para Iris votos daqueles que costumeiramente não escolheriam o líder peemedebista, enquanto que Caiado já pode contar com uma estrutura adequada para sua própria campanha. Talvez para o PMDB o ideal seria a manutenção da aliança com o PT, mas dadas as circunstâncias atuais, a união Iris + Caiado representa o melhor cenário para ambos. A chapa deve contar ainda com o líder do Solidariedade Armando Vergílio, cotado para a vice de Iris.

Apesar de tudo aparentemente estar andando a contento para o peemedebista e seus novos aliados, todas essas articulações podem ir por água abaixo durante as convenções de seu partido. Aponta-se nos bastidores que os aliados de Friboi, descontentes com o desenrolar da disputa interna no PMDB, estariam articulando o retorno do empresário a tempo do evento.

Tal possibilidade deve deixar Iris e Caiado preocupados, já que cacife dentro do PMDB para vencer as convenções Friboi tem. Assim, ainda há riscos de que, no frigir dos ovos, ambos fiquem a ver navios nestas eleições.