O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) negou ter autorizado o Movimento Sem Terra (MST) a ocupar fazenda em Hidrolândia, em Goiás. Em nota divulgada, o Incra esclareceu que os antigos proprietários perderam a posse da terra e que recebeu o imóvel para incorporá-lo ao Programa de Reforma Agrária. No entanto, o instituto destacou que “não houve qualquer tipo de autorização ou conivência do instituto em relação à ocupação de integrantes de movimentos sociais na referida área, que pertence ao Incra” e que “odos serão notificados a deixar o local”.

O órgão explicou que a ocupação e transformação da terra em um assentamento dependem de estudos de viabilidade e deve respeitar os trâmites legais.

O MST iniciou o processo de reocupação na última segunda-feira, 24, com a participação de 600 mulheres ligadas ao movimento. O objetivo, segundo o movimento, é a implementação de um projeto agroecológico para produção de alimentos sem agrotóxicos.

A fazenda São Lukas foi desapropriada após a descoberta de um esquema criminoso que utilizava o local como cativeiro para mulheres que seriam traficadas para trabalhos sexuais na Suíça.

O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade. Segundo a investigação da PF na época, a própria fazenda foi adquirida com dinheiro oriundo do tráfico humano. Membros da quadrilha chegaram a estar na lista de Difusão Vermelha da Interpol para foragidos internacionais. 

Confira a nota na íntegra:

“A respeito do que vem sendo divulgado pela mídia acerca da ocupação da Fazenda São Lukas, no município goiano de Hidrolândia, o Incra esclarece:

A autarquia agiu imediatamente ao ser comunicada do fato, tendo enviado servidores ao local a fim de mediar a situação e, assim, garantir uma solução pacífica para o caso.

Não houve qualquer tipo de autorização ou conivência do instituto em relação à ocupação de integrantes de movimentos sociais na referida área, que pertence ao Incra. Todos serão notificados a deixar o local.

Importante frisar que os antigos proprietários perderam o imóvel na Justiça após ter sido comprovado que o local era utilizado para práticas de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas.

Como órgão executor da política fundiária nacional, o Incra recebeu o imóvel da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) com a finalidade de incorporá-lo ao Programa Nacional de Reforma Agrária.

Estudos de viabilidade de implantação de um assentamento vêm sendo feitos nesse sentido, respeitando os trâmites legais.”

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