O plano ambicioso do Brasil de criar um imposto anual global de 2% sobre fortunas de bilionários, a fim de financiar o enfrentamento das mudanças climáticas e da pobreza extrema, têm preocupado as pessoas mais ricas do mundo. Atualmente, conforme a Revista Forbes, existem cerca de 2,7 mil bilionários no mundo, com uma fortuna somada de US$ 14,2 trilhões.

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A ideia proposta pelo Brasil surgiu em decorrência das exigências impostas aos governos para alcançar emissões líquidas zero, ou seja, zerar a queima de combustíveis fósseis. O economista francês Gabriel Zucman foi convidado a elaborar um plano detalhado sobre como funcionaria um imposto sobre a riqueza bilionária, que deve ficar pronto para uma reunião dos ministros das finanças do G20 em Julho.

A ideia de um imposto anual se tornou uma opção viável devido ao choque energético provocado pela invasão da Rússia à Ucrânia, que deixou os governos dos países desenvolvidos e em desenvolvimento desesperados por verba. 

Bilionários aumentam 

O número de multimilionários quase triplicou na década de 2010 e continuou a aumentar ao longo dos últimos quatro anos. Em abril, a Forbes afirmou que o mundo ganhou mais 141 bilionários em 2024, se comparado com o ano de 2023.

O valor dos ativos – principalmente ações e propriedades – foram os principais pontos observados na valorização das riquezas, que elevaram o mercado de ações e do imobiliário. Estima-se que um imposto sobre a riqueza bilionária de 2% arrecade US$250 bilhões por ano e, embora os governos ocidentais ficassem inevitavelmente com a maior parte das receitas arrecadadas para si, uma parte do dinheiro iria do norte para o sul global.

Porém, há um longo caminho a percorrer antes que um imposto bilionário sobre a riqueza se torne uma realidade. Uma objeção aos impostos sobre as grandes fortunas é que eles sufocam a inovação e o crescimento. Existem, no entanto, muitas outras questões, como acontece com qualquer novo imposto desta magnitude. 

Os países que aplicaram impostos sobre a riqueza no passado descobriram que arrecadam quantidades relativamente pequenas de receitas, em parte porque os muito ricos podem transferir o seu dinheiro para paraísos fiscais. Para que o plano funcionasse, seria necessária cooperação internacional para evitar a fuga de capitais.

Dados os muitos obstáculos que teriam de ser ultrapassados, há especialistas fiscais, como Richard Murphy, que consideram que existem outras formas mais eficazes de tributar a riqueza. Da mesma forma, os bilionários usarão toda a sua influência para resistir à ideia de que deveriam ser tributados mais pesadamente. 

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