Guerra da Ucrânia: ataque com drones danifica estrutura de Chernobyl e compromete segurança, alerta AIEA
08 dezembro 2025 às 18h44

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A principal barreira construída para isolar os resíduos radioativos do reator destruído de Chernobyl já não cumpre plenamente sua função. A informação foi confirmada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que atribui o problema aos danos provocados por um ataque com drones ocorrido em fevereiro deste ano.
Segundo a agência, o Novo Confinamento Seguro (NSC), a gigantesca estrutura de aço instalada sobre o reator 4, sofreu impactos significativos após o ataque, que teria provocado um incêndio e comprometido o revestimento externo. Embora a Ucrânia responsabilize a Rússia pela ofensiva, Moscou nega envolvimento.
Em comunicado divulgado na sexta-feira, 5, a AIEA afirmou que o NSC “perdeu funções essenciais de segurança”, incluindo a capacidade de manter o confinamento dos materiais radioativos ainda presentes no local do desastre de 1986. A agência recomenda uma reforma de grande escala para evitar que a degradação avance.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, destacou que reparos emergenciais já foram feitos, mas não são suficientes para garantir a integridade da estrutura no longo prazo. Ele ressaltou, porém, que os sistemas de monitoramento e as bases de sustentação do arco de aço não sofreram danos permanentes.
Desde o início da invasão russa em 2022, Chernobyl voltou a ser palco de instabilidade. Tropas russas ocuparam a usina e mantiveram funcionários sob controle por mais de um mês, antes de recuar e devolver a área às autoridades ucranianas. A presença militar reacendeu preocupações sobre a segurança de um dos locais mais sensíveis do planeta.
O NSC, concluído em 2019 após quase uma década de construção, é considerado a maior estrutura móvel terrestre já erguida. Projetado para durar um século, o arco de aço custou cerca de € 2,1 bilhões, financiados por mais de 45 países por meio do Fundo de Proteção de Chernobyl.
Sua função é permitir a remoção gradual dos destroços do reator e impedir que partículas radioativas escapem para o ambiente, uma tarefa vital quase quatro décadas após o acidente que contaminou vastas áreas da Europa Oriental.
A explosão do reator 4, em 26 de abril de 1986, espalhou radiação por Ucrânia, Belarus, Rússia e outros países europeus. Mais de 30 pessoas morreram nos primeiros dias, e milhares sofreram efeitos tardios da exposição, segundo a AIEA e a Organização Mundial da Saúde. Até hoje, regiões próximas à usina registram índices elevados de câncer e malformações congênitas.
A agência mantém equipes permanentes em Chernobyl e afirma que continuará auxiliando a Ucrânia na restauração completa da segurança do local. “A situação exige ação rápida e coordenada”, disse Grossi. “A proteção de Chernobyl é uma responsabilidade global.”
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