Governo chinês substitui ministro após sumiço misterioso
25 julho 2023 às 20h34
COMPARTILHAR
O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, foi destituído de forma nesta terça-feira, 25, após um período prolongado de ausência. Ele foi substituído por seu antecessor em uma surpreendente e altamente incomum mudança na liderança da política externa do país.
Qin, de 57 anos, é um diplomata de carreira e assessor de confiança do líder chinês Xi Jinping. Ele foi nomeado ministro das Relações Exteriores em dezembro, após servir como embaixador da China em Washington.
A mudança súbita na liderança da política externa chinesa, aprovada pelo principal órgão de decisão do parlamento chinês, ocorre em meio ao mistério sobre o paradeiro de Qin, que não é visto em público há um mês.
As autoridades não deram nenhuma razão para a saída de Qin, e confirmaram que seu antecessor, Wang Yi, retornará ao cargo de ministro das Relações Exteriores. Wang havia ocupado esse cargo de 2013 a 2022 e atualmente atua como diretor do braço de relações exteriores do Partido Comunista, tornando-o o principal diplomata da China.
A nomeação de um ministro das Relações Exteriores por meio de votação durante uma reunião do Comitê Permanente do Congresso Nacional Popular da China é um desvio dos precedentes anteriores. Além disso, a reunião em si foi anunciada abruptamente na segunda, 24.
Essa mudança repentina ocorre em um momento crucial para a China do ponto de vista diplomático, especialmente após o país sair do isolamento pandêmico no início deste ano e enquanto busca consertar relações tensas com parceiros internacionais.
O desaparecimento de Qin da agenda de relações exteriores da China não foi totalmente explicado pelo ministério, que alegou “razões de saúde” quando ele faltou a uma reunião diplomática no início deste mês. Isso também levou a aparentes mudanças na agenda, com Wang Yi sendo chamado para participar de importantes reuniões internacionais.
Qin teve uma rápida ascensão ao cargo de ministro das Relações Exteriores, o que causou certa surpresa entre os observadores da elite política chinesa, pois ele superou candidatos mais experientes. No entanto, sua nomeação foi amplamente vista como um sinal da confiança de Xi Jinping no diplomata, reforçando seus laços estreitos com o líder chinês que garantiu um terceiro mandato no poder no outono passado, com uma nova equipe de liderança composta por aliados leais.
“Qin Gang foi puxado sozinho na hierarquia por Xi. Qualquer problema com ele também refletirá mal em Xi — o que implica que Xi falhou em escolher a pessoa certa para o trabalho”, disse Deng Yuwen à CNN. Ele é ex-editor de um jornal do Partido Comunista que agora vive nos EUA.
“Se algo incomum acontecer a um alto funcionário, as pessoas vão se perguntar se suas relações com o líder do alto escalão pioraram ou se isso é um sinal de instabilidade política”, completou.
No passado, foi observado o desaparecimento de autoridades chinesas de alto escalão, que foram afastadas da vista do público. Posteriormente, o órgão fiscalizador disciplinar do Partido Comunista revelou que essas autoridades haviam sido detidas para fins de investigação. Esses casos de desaparecimentos repentinos têm se tornado uma característica comum na campanha anticorrupção liderada por Xi Jinping.
Leia também: