Goiás registra primeiro caso de microcefalia fora do Nordeste
24 novembro 2015 às 17h06

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Suspeita é de uma ocorrência da doença na cidade de Rio Verde. Secretaria Estadual de Saúde afirma que malformação provavelmente não foi causada pelo Zyka vírus

Goiás registrou o primeiro caso de microcefalia fora do Nordeste brasileiro, na cidade de Rio Verde. A ocorrência ainda não foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), que vai investigar a situação.
Até agora, já foram identificados 739 casos suspeitos também nos estados de Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Ceará e Bahia. Pernambuco é o estado com maior número de casos, 487, seguido pela Paraíba, com 96 e Sergipe, com 54.
O número já supera largamente o total de casos de microcefalia registrado durante todo o ano passado, em que foram contabilizados 147 no Brasil inteiro. Até agora, pelo menos um caso de morte pode ser relacionada à doença. O Ministério da Saúde ainda analisa este óbito.
A doença é um caso de malformação em que os bebês nascem com perímetro cefálico menor que 33 cm, considerado o tamanho normal da cabeça de um recém-nascido. A anomalia pode ser causada por substâncias químicas, agentes infecciosos, bactérias, vírus e radiação.
No entanto, a possível explicação para o grande número de casos da doença em 2015 é o Zyka Vírus, que é transmitido pelo Aedes aegypti, mesmo inseto responsável pela dengue, pela chikungunya e pela Febre Amarela. A suspeita reforça a necessidade de controle do vetor, muito comum na fauna de países tropicais. A SES já adiantou que Goiás não tem nenhum caso de Zyka registrado, ou seja, a doença nessa criança provavelmente não foi causada pelo vírus.
Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a situação epidêmica é inédita no mundo, o que dificulta na determinação da causa exata do surto, já que não existem análises conclusivas na literatura médica. No entanto, algumas pesquisas apontam grande probabilidade de ser o Zyka o responsável pelos casos.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, realizou exames que encontram o genoma do vírus Zika em amostras coletadas no líquido amniótico de duas mulheres paraibanas que descobriram, após exames de ultrassonografia, a doença nos fetos. No entanto, a Fiocruz esclarece que, apesar dos resultados serem importantes, ainda não é possível garantir que o vírus é o causador da microcefalia.
Frente ao grande número de casos registrados no Nordeste, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) preparou uma força-tarefa para avaliar prontuários das crianças nascidas em Goiânia desde janeiro deste ano. O objetivo é mapear a situação da doença na cidade.
O surto levou o ministério a divulgar, ainda, uma série de orientações a gestantes, para que se possa prevenir novos casos da doença. Segundo o órgão, mulheres grávidas devem se manter atentas ao calendário pré-natal, realizando todos os exames recomendados pelo seu médico e seguir as recomendações dele no que diz respeito a medicamentos.
Também recomenda-se que gestantes evitem ingerir bebidas alcoólicas e drogas, além de não entrar em contato com pessoas com febre e infecções. Ao perceber manchas vermelhas no corpo, a mulher deve procurar imediatamente uma unidade de saúde. Por fim, a gestante deve se precaver contra o mosquito, usando repelentes e roupas com mangas longas.