Em chamas, Goiânia foi responsável por registrar a maior quantidade de incêndios do estado de Goiás no ano de 2024. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram mais de 2,7 mil ocorrências no decorrer de nove meses incompletos, visto que 88,6% foram registros no perímetro urbano (casa, loja, indústria, edifício). Há três dias, moradores de todas as cinco regiões de Goiânia relatam observar uma fumaça preta no céu e comentam sobre a dificuldade em respirar.

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Ao todo, foram 13.048 acionamentos – uma média de um incêndio a cada 30 minutos. Destes, 78% (10.279) ocorreram no perímetro urbano, enquanto 22% (2.869) das ações foram registradas em áreas rurais (lote, parque, vegetação em geral). Na região norte da capital, como no setor Jaó, onde há a presença de muitas áreas verdes, os moradores se queixam da alta quantidade de queimadas, tornando baixa a qualidade de vida na região.

“Os incêndios urbanos representam quase o triplo dos incêndios florestais por vários fatores. Nas cidades, a densidade populacional, a infraestrutura e a presença de materiais inflamáveis (como móveis e produtos químicos) aumentam a probabilidade de incêndios. Além disso, o risco é maior devido a descuidos, como o uso inadequado de eletricidade e a falta de manutenção em equipamentos”, explicou o tenente-coronel, Luiz Eduardo Lobo.

As principais ocorrências de incêndios urbanos, de acordo com Lobo, costumam envolver construções, como residências, comércios e indústrias. Os incêndios em vegetação também ocorrem, especialmente em áreas urbanas adjacentes a parques ou terrenos baldios. No entanto, os incêndios em edificações são mais frequentes e podem se espalhar rapidamente.

O bombeiro diz que o combate a incêndios urbanos é desafiador e, muitas vezes, mais difícil do que o de incêndios florestais. Segundo ele, a densidade populacional exige uma resposta rápida para evitar vítimas, enquanto que a infraestrutura complexa das construções pode limitar o acesso e a mobilidade das equipes. 

“A variedade de materiais inflamáveis, como móveis e produtos químicos, aumenta a intensidade do fogo e o risco de explosões, especialmente em indústrias. Esses fatores, aliados ao trânsito e à disposição das ruas, tornam a atuação em áreas urbanas mais complexa, exigindo estratégias específicas e cuidadosas para garantir a segurança de todos”, concluiu.

O que diz a Prefeitura de Goiânia

A Prefeitura de Goiânia, por meio da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), afirmou que vem implementando desde maio ações preventivas para resguardar os parques municipais durante o período de estiagem. Uma das principais medidas é a construção de aceiros, faixas de terra sem vegetação que ajudam a impedir a propagação das chamas. Esses aceiros, que consistem na remoção de cerca de três metros de vegetação ao redor das áreas de mata, são essenciais durante a seca, quando a vegetação seca e a baixa umidade do ar aumentam o risco de incêndios.

De acordo com a Amma, nos parques, são utilizados sopradores e, quando necessário, caminhões-pipa para combater focos de incêndio, garantindo a proteção das áreas verdes da cidade. Para a população em geral, a orientação é clara: em caso de incêndios nos parques, mesmo que pequenos, a população deve acionar os bombeiros imediatamente pelo telefone 193.

Incêndios em lotes baldios

A legislação também proíbe, na zona urbana, queimar lixo e restos de vegetais em áreas públicas ou particulares, de modo a provocar fumaça, cinza ou fuligem que comprometam a comodidade pública.

A ação da Fiscalização da Amma ocorre mediante flagrante, quando acionada pelo telefone 161. Já para apagar o fogo a população deve acionar de imediato o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193. E em caso de investigação, quando não há flagrante, a população pode acionar a Delegacia Estadual de Meio Ambiente – DEMA.

O valor da multa para quem colocar fogo nos lotes considera a gravidade e circunstâncias que agravam ou atenuam a queimada, conforme o código de postura do município. O valor é de R$144,92 a R$1.449,20.