Para ministro, vazamento de informações sobre delação que envolveu Dias Toffoli foi uma forma de retaliação a decisões do colega

Ministro Gilmar Mendes alegou, no primeiro pedido, que a PRG precisava apresentar novos fatos para embasar a denúncia após ouvir advogados de Aécio | Foto : Rosinei Coutinho/SCO/STF
Ministro Gilmar Mendes afirmou que é preciso “colocar freios” na atuação dos procuradores | Foto : Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou, nesta terça-feira (23/8) que é preciso “colocar freios” na atuação dos procuradores da República. Apesar de não citar nomes, o ministro fazia referência diretamente a procuradores da Operação Lava Jato.

Gilmar Mendes disse, segundo o jornal O Estado de São Paulo, estar indignado com o vazamento de informações sobre a delação do empreiteiro da OAS Léo Pinheiro. De acordo com a revista Veja, o executivo da OAS revelou detalhes de uma obra na casa do ministro do STF Dias Toffoli que teria sido realizada pela empresa investigada na Lava Jato.

Gilmar entendeu o vazamento como um “acerto de contas” de procuradores que teriam sido contrariados pela decisão de Toffoli de soltar o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo e dividido a investigação sobre a senadora Gleisi Hoffman (PT/PR).

“Como eles [procuradores] estão com o sentimento de onipotentes, decidiram fazer um acerto de contas. Decidiram vazar a delação, mas tem que se colocar um limite nisso”, declarou.
O ministro do STF afirmou ainda que tudo indica que Toffoli está na mira dos investigadores e que é preciso prestar atenção ao risco de a Operação se tornar muito policialesca.

Medidas contra a corrupção

Ainda falando sobre o impacto da Lava Jato, Gilmar afirmou que a operação animou os procuradores a apresentar as propostas de combate à corrupção, o que foi visto como exagero. “Ninguém é a favor da corrupção. Mas, vejamos, a proposta de que prova ilícita, obtida de boa fé, deve ser validada a priori tem que ser muito criticada. Imagine, agora, um sujeito que é torturado. ‘Ah, mas foi de boa fé'”, defendeu.

De acordo com o ministro do Supremo, os procuradores deveriam “calçar as sandálias da humildade”. Ele disse ter visto uma procuradora da República afirmar que o Congresso deveria aprovar o projeto das 10 medidas contra a corrupção porque teve apoio popular, mas os procuradores não têm autoridade nem legitimidade para fazer a exigência.

“Isso não vai prosseguir assim. É preciso colocar freios nesse tipo de conduta. Isso já ocorreu antes no Brasil, o cemitério está cheio desses heróis, mesmo no elenco dos procuradores. Ninguém pode esquecer de Guilherme Schelb, Luiz Francisco e tantos mais. Estamos preocupados, mas está dado o recado”, disse.