Tem coisas no Brasil que não dá pra entender. Getúlio Vargas foi ditador, perseguiu opositores, censurou a imprensa, mas qual é a imagem mais lembrada dele? A do “pai dos pobres”, o presidente dos trabalhadores. Se perguntasse para qualquer trabalhador do Brasil na década de 1940 o que achava do Vargas, dificilmente alguém o chamaria de ditador. Com certeza, na casa de cada um teria a foto dele e uma lágrima de agradecimento por tudo que o presidente fez.

Essa proximidade de Vargas com os “trabalhadores do Brasil” (como ele costumava dizer no rádio durante o programa “A voz do Brasil”) começou em 26 de novembro de 1930, um mês depois da revolução que acabou com a República Velha e o colocou no poder. Neste dia era criado o Ministério do Trabalho. O governo revolucionário iria interferir na relação entre patrão e empregado. Os sindicatos passariam a funcionar debaixo das asas do governo. Lindolfo Collor, primeiro ministro do Trabalho, tratou de expandir as Caixas de Aposentadoria e Pensão, que eram restritas a marinheiros, portuários e ferroviários, para outras categorias. Ele também regulamentou a jornada de trabalho, as Comissões de Conciliação (atual Justiça do Trabalho).

A sede era na Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro do Rio de Janeiro. Um majestoso edifício com arquitetura do início do século. Com a transferência da capital federal para Brasília, o imponente prédio se tornou sede da Justiça do Trabalho.

O trabalhismo começava para valer no Brasil. Vargas soube muito bem utilizar isso a seu favor. A mão que batia em opositores e censurava a imprensa era a mesma que afagava o trabalhador.

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