Em uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 24, o ministro Flávio Dino trouxe informações sobre a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. De acordo com suas declarações, a prisão do ex-bombeiro Maxwell Corrêa foi resultado de uma delação premiada descoberta pelo ex-policial militar Elcio Queiroz, que já estava sob custódia desde 2019 sob suspeita de envolvimentos no crime. O ministro disse ainda que “não existe crime perfeito” e que a resolução desse está mais próxima do que se imagina.

A operação responsável pelo prendedor Maxwell Corrêa, intitulada de Operação Élpis, é a primeira fase da investigação que busca esclarecer os homicídios, bem como a tentativa de homicídio da assessora de Marielle, Fernanda Chaves. Nesse contexto, sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Vale mencionar que a Polícia Penal Federal (PPF) também está colaborando na condução conjunta da investigação.

A delação de Elcio Queiroz ocorreu há aproximadamente duas semanas, logo após a captação de novas provas e revisão de apurações anteriores relacionadas à dinâmica do crime. As informações fornecidas por Elcio Queiroz foram de extrema importância, pois ele não apenas apresentou o papel desempenhado por Maxwell Corrêa, mas também confirmou sua própria participação, bem como a de Ronnie Lessa, o indivíduo acusado de ser o autor dos disparos. Detalhes cruciais do itinerário dos criminosos antes e depois do crime também foram fornecidos durante a colaboração.

O ex-PM Élcio Queiroz afirmou em delação premiada que o sargento da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé e executado em 2021, foi quem apresentou o mandante da morte de Marielle a Ronnie Lessa. Macalé foi executado na Avenida Santa Cruz, em Bangu, Zona Oeste do Rio. Ainda de acordo com Élcio, além de apresentar o “trabalho” para Ronnie, Macalé também ajudou Lessa a desvendar a rotina da vereadora, seguindo e monitorando Marielle meses antes do crime que aconteceu em março de 2018.

“Temos, hoje, a confirmação de passos dados anteriormente. Aspectos sobre os quais pairavam dúvidas, estão esclarecidos, porque há convergência entre a narrativa do Elcio e outros aspectos que já estavam com a polícia. Ele narra a dinâmica, narra a participação dele e do Ronnie Lessa e aponta o  Maxwell e outros como copartícipes. A investigação não está, de forma alguma, concluída, o que acontece é que há um avanço, uma mudança de patamar. A investigação se conclui em termos de patamar da execução e há elementos para um novo patamar, que é a identificação dos mandantes”, avaliou o ministro Flávio Dino.

O ministro enfatizou que a colaboração premiada de Elcio Queiroz não se limita a direcionar exclusivamente a participação dos investigados, mas, ao contrário, complementa as provas materiais já adquiridas. “As provas colhidas e reanalisadas pela PF confirmaram de forma inequívoca a participação do Ronnie e do Elcio, além de acrescentar a participação do Maxwell”. Além disso, de acordo com Flávio Dino, os fatos apurados indicam de forma evidenciam a participação de outras pessoas no duplo homicídio.

Em 2020, o ex-bombeiro já havia sido detido durante a Operação Submersos II, sob suspeita de obstrução ao investigar o crime. Ele foi apontado como responsável por descartar no mar as armas utilizadas no assassinato. Posteriormente, no ano seguinte, Maxwell Corrêa foi condenado por prestar atenção às questões e estava cumprindo pena em regime aberto.

Segundo informações do Ministério Público do Rio de Janeiro, além daquelas registradas, Maxwell Corrêa também era o proprietário do veículo utilizado para esconder as armas que foram encontradas em um apartamento de Ronnie Lessa, o indivíduo apontado como autor dos disparos.

“Ele participou de ações de vigilância, acompanhamento e também apoio logístico aos demais atores dessa cadeia criminosa que foi percorrida. Ele teve um papel importante nesse contexto”, afirmou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

“Não existe crime perfeito. Quando o crime tem muitos anos, é claro que a investigação é mais complexa, mas os aspectos mostram que estamos próximos da elucidação. É um evento de enorme importância o que aconteceu hoje. O que é importante destacar é essa união entre as polícias federais, o Ministério Público e o Poder Judiciário e assegurar às famílias e à sociedade que a investigação está produzindo resultados. É uma resposta que o Estado brasileiro dá às famílias”, concluiu o ministro Flávio Dino.

Segundo o ministro, alguns elementos da investigação estão sob segredo de Justiça, mas nos próximos dias, outros incentivos da Operação Élpis serão divulgados.

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