O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) divulgou dados alarmantes sobre o aumento das filas para transplante de córnea. O número de pacientes praticamente triplicou entre 2014 e 2024, nesses 10 anos, a fila cresceu de 10.734 para 28.937.

A entidade afirma que o maior aumento ocorreu durante a pandemia de Covid-19, em 2020, quando houve um crescimento de 33% nas filas. Isso porque o número de pacientes que aguardavam o retorno das cirurgias eletivas passou de 12.212 para 16.337 em cerca de um ano, entre 2019 e 2020.

Nos anos a seguir, a situação continuou se agravando. Em 2021 eram 20.134; em 2022 eram 23.946; e em 2023 o número de pacientes chegou a 26.905. O estudo, publicado no início da semana, se baseia em dados referentes ao Sistema Único de Saúde (SUS) e às redes privadas e suplementar.

Filas de espera nos estados brasileiros

Os estados brasileiros que lideram esse ranking são os do sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. De acordo com o CBO, o aumento nas filas é decorrente de uma série de fatores, como a interrupção das cirurgias eletivas durante a pandemia e a insuficiência de doadores.

Vale destacar que no período de 10 anos, um total de 146.534 pacientes realizaram o transplante de córnea. A média nacional do tempo de espera é de 194 dias, pouco mais de seis meses. Entretanto, estados como o Maranhão e o Pará apresentam uma média maior, de aproximadamente 595 dias, o equivalente à 19 meses.

Outros estados, como o Ceará, apresentam pacientes que aguardaram apenas 63 dias por um transplante de córnea. Ou seja, a diferença entre os tempos de espera em cada estado varia amplamente.

Oferta e Demanda

A estimativa do conselho é que para zerar a fila de espera atual seria necessário dobrar a capacidade anual de transplantes. “No ano passado, o país registrou 16.027 procedimentos, um aumento significativo em relação aos anos anteriores, mas ainda insuficiente para atender à crescente demanda”, informou o CBO.

Em 2024, até o mês de junho contabilizaram 8.218 transplantes realizados com sucesso no Brasil, entretanto, 3 mil deles foram realizados em São Paulo.

O CBO relata que existem 651 equipes treinadas para realizar essa operação em território brasileiro, em 429 serviços distintos. Além disso, a entidade garante que todos os estados do país possuem times preparados para atender essa demanda. Ainda assim, destaca que “a maioria dos especialistas está no sudeste ou no sul” do Brasil.

Outra demanda de destaque para a CBO é assegurar uma distribuição equitativa dos recursos, sobretudo em regiões onde a infraestrutura de saúde ocular é menos desenvolvida. “A situação atual requer ações coordenadas entre o governo e as organizações de saúde para expandir e otimizar os serviços de transplante de córnea no Brasil”, defende o CBO.

Para reduzir as filas de espera, a entidade defende que campanhas educativas sobre o tema são necessárias. Dessa forma, será possível aumentar a conscientização sobre a importância da doação de órgãos e também sobre os investimentos em infraestrutura dos chamados bancos de olhos em todo o país.

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