Férias escolares devem ser antecipadas para maio, insiste proposta encaminhada à Secretaria de Educação
28 abril 2020 às 16h25
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Entre os apontamentos está dificuldade de acesso e falta de acompanhamento de alunos especiais com aulas EAD. Conselho de Educação defende manter o calendário
Após negativas na semana passada, uma proposta encaminhada para o Governo Estadual e para a Prefeitura de Goiânia nesta terça-feira, 28, insiste em antecipar as férias escolares do meio do ano para o mês de maio.
O autor do ofício desta terça, o presidente do Avante em Goiás, Thialu Guiotti, apresenta depoimentos de pais e até representantes de escolas particulares que concordam com a antecipação, apontando dificuldades com o sistema de ensino à distância implementado na educação básica.
Na semana passada, mais de 10 instituições particulares anunciaram a antecipação das férias, mas foram advertidas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), que diz que a mudança do calendário é prática irregular e explica o porquê de manter as aulas.
Dificuldade de acesso
Entre os pontos destacados por Guiotti está a dificuldade de acesso adequado aos conteúdos oferecidos desde o inicio do isolamento. “Não se consegue baixar os arquivos devidos e realizar as pesquisas, isso porque várias crianças não têm computadores em casa. Muitas das aulas hoje estão sendo assistidas por celular e mesmo assim os pais estão tendo custo elevado com compra de créditos específicos para os dados”, defende o político.
Outro deficiência no formato que Thialu chama atenção está a mudança da grade curricular, o que faz com que, segundo ele, os pais não estejam prontos para orientar os filhos sobre eventuais dúvidas. “Os pais que não possuem familiaridade com as disciplinas da atualidade enfrentam dificuldades em orientar seus filhos na execução de exercícios e tarefas”, destaca o texto encaminhado ao Estado.
Especiais desassistidos
Preocupação ainda maior exposta é o caso de alunos com condições especiais, como os da síndrome de Down ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDHA), por exemplo. Nesses casos, os alunos que, por lei, frequentam escolas tradicionais, precisam de acompanhamento específico, o que não está sendo feito no regime de ensino à distância.
Mãe de um aluno com TDHA da rede privada, Lisa Landim desabafa. De acordo com ela, na rotina tradicional de aulas, o filho era acompanhado por uma professora a mais na sala de aula e agora, com as aulas em casa, não há aproveitamento.
“Querer que meu filho assista aulas todos os dias online e querer resultado? Mandar tarefas e esperar que ele aprenda? Não entro em aula mais, não estamos fazendo tarefas”, destaca Lisa.
O que diz o Conselho
Em contato com o presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE), Flávio Roberto de Castro, o representante explicou que cada município tem, desde o inicio, a possibilidade de alterar o regime de aulas, adequando as várias realidades, com a entrega de material impresso, por exemplo. O presidente assume que o ensino está de fato prejudicado, mas diz que as medidas buscam manter a conexão mínima dos alunos com a educação durante o período da pandemia.
Sobre os alunos com necessidades especiais, Flávio diz que cabe às unidades definir com os pais qual a melhor alternativa e diz que há, assim como no regime tradicional, possibilidade de recuperação e reforço. “Só será possível avaliar como foi o aproveitamento desse modelo após o retorno”, defende o presidente.
Ainda de acordo com o educador, a alteração do calendário por si não afasta os prejuízos, já que, segundo ele, ainda não há previsão precisa por parte da Saúde sobre a data de retorno das aulas presenciais.
“Se anteciparmos as férias para maio pensando que as aulas podem voltar em junho pode ser que não aconteça”, afirma Flávio, que pontua esperar para os próximos dias uma posição da Saúde para a previsão de retorno: “Com a previsão sim, podemos pensar em alterações no calendário”.