Faculdades usam corretores de imóveis para vender cursos de medicina
13 setembro 2024 às 11h16
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Instituições de ensino que ganharam na Justiça o direito de ofertar cursos de medicina estão vendendo vagas da graduação mais cobiçada do Brasil como se fossem imóveis, tendo até anúncios feitos por corretores. As mensalidades variam de R$ 10 mil a R$ 15 mil.
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Cada nova turma pode movimentar mais de R$ 100 milhões em receitas anuais para essas empresas, conforme noticado pelo Valor Econômico. Em apenas três meses, cerca de 2 mil vagas de medicina pleiteadas judicialmente foram autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC).
O número será ainda maior, visto que há outros 110 processos em análise. Faculdades que tiveram seus pedidos de abertura de cursos, feito há uma década, defendido pela pasta, também estão entrando novamente na Justiça.
O aumento de novas vagas e, consequentemente de novos profissionais, foi um dos motivos que fez o governo reestruturar o programa “Mais Médicos”, que não coloca mais vagas no mercado, mas que tenta obrigar essas faculdades a abrir as infraestruturas prometidas.
Criado há mais de uma década, o Mais Médicos ajudou a impulsionar a criação de vagas de graduação de medicina no Brasil desde 2013. Essas liminares somadas equivalem a cerca de 35 mil vagas. Em contrapartida, o setor privado do país ofertava “apenas” 7,3 mil vagas em 2022, de acordo com o dado mais recente.
10 cursos e 35 mil vagas
Dez cursos, que tramitam na Justiça, devem sozinhos responder por 35 mil (14%) dessas vagas e há outros 110 processos no MEC em análise que podem ampliar esse número para mais de 50%, segundo levantamento do Valor Econômico.
Em Pinhal, as faculdades que conseguiram autorização na Justiça abriram no ano passado e colocaram corretores de imóveis para vender as mensalidades. A Faculdade Pinhal, por exemplo, conseguiu credenciamento para abrir curso em 2022 e já está com 520 vagas, mesmo operando sem infraestrutura adequada.