Fabrício Rosa critica Esquerdogata e cobra autocrítica da esquerda: “Policiais também são trabalhadores”
28 outubro 2025 às 16h32

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*Com colaboração de Cilas Gontijo
Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o vereador de Goiânia, Fabrício Rosa (PT), repudiou veementemente a atitude da influenciadora conhecida como “Esquerdogata”, Aline Bardy Dutra, de 45 anos, que viralizou nas redes sociais após humilhar policiais durante uma abordagem. Para o parlamentar, que também é policial rodoviário federal e militante dos direitos humanos, o episódio revela uma “grave incoerência” entre o discurso progressista e a prática elitista.
“O mais grave na fala dela é a contradição entre o que ela prega, um mundo que valorize os trabalhadores, e a forma como tratou os trabalhadores que a abordaram ali”, afirmou Rosa. Ele destacou que atitudes como a da influenciadora, ao usar sua posição social e econômica para desqualificar servidores públicos, ferem os princípios fundamentais da esquerda.
Fabrício foi além da crítica pontual e aproveitou para fazer um chamado à autocrítica dentro do campo progressista. Segundo ele, há um distanciamento histórico entre a esquerda e os trabalhadores da segurança pública, muitas vezes vistos apenas como instrumentos de repressão. No entanto, Rosa defende que “os policiais também são trabalhadores” e que a esquerda precisa se aproximar deles com políticas de valorização, formação e respeito aos direitos humanos.
O vereador também alertou para a precarização da carreira policial, citando jornadas exaustivas, assédio institucional e altos índices de depressão e suicídio entre agentes. “A cada três dias, um policial se suicida no Brasil. Eles morrem mais por suicídio do que em confronto armado”, destacou.
Ao ser questionado sobre a ostentação de riqueza por parte de figuras públicas de esquerda, Rosa foi direto. “A esquerda não prega a pobreza. A esquerda prega a igualdade”, apontou. Para ele, não há contradição em militantes terem acesso a bens materiais, desde que mantenham o compromisso com a justiça social e a crítica às desigualdades do sistema capitalista.
Ele defende uma postura crítica às violações policiais, sim, mas sem desumanizar os agentes da lei. A entrevista termina com um recado. “É preciso reconhecer que policiais não são super-heróis. São trabalhadores. E trabalhadores precisam de direitos, bons salários e boa previdência”, finalizou.
Relembre o caso
Aline Bardy Dutra influenciadora digital e ativista política conhecida nas redes sociais como Esquerdogata, foi detida na madrugada de 25 de outubro em Ribeirão Preto (SP), após se envolver em um confronto verbal com policiais militares durante uma operação de fiscalização de trânsito. Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ela teria proferido ofensas com teor racial contra os agentes, o que levou à sua prisão em flagrante pelos crimes de desacato, resistência e injúria racial.
Com mais de 870 mil seguidores no Instagram, Aline é conhecida por seu conteúdo político com viés de esquerda, frequentemente direcionado a figuras como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e o deputado federal Nickolas Ferreira (PL-MG). Por outro lado, ela costuma exaltar políticos como Carlos Zarattini (PT-SP) e Lindbergh Farias (PT-RJ).
Durante a audiência de custódia realizada no mesmo dia da prisão, a Justiça concedeu liberdade provisória à influenciadora, impondo medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno e apresentação periódica de laudos médicos que comprovem tratamento psiquiátrico. Aline alegou ser portadora de transtorno bipolar e estar em uso de medicamentos como sertralina e quetiapina. As medidas judiciais têm validade de um ano, podendo ser revistas pelo magistrado responsável.
A defesa da influenciadora, representada pelos advogados Douglas Campos Marques e Roberto Bertholdo, afirmou que ainda não teve acesso ao vídeo completo do incidente. Bertholdo também declarou que Aline sofre de alcoolismo e que buscará tratamento médico para lidar com o vício, alegando que a influenciadora estava sob efeito de álcool e medicamentos no momento da abordagem.
Este não é o primeiro episódio envolvendo Aline e autoridades policiais. Ela já foi condenada anteriormente por desacato, após ofender PMs em um bar em 2022, ocasião em que também estava embriagada e colou um adesivo político em uma viatura.
Após o novo episódio, Aline perdeu milhares de seguidores nas redes sociais e, segundo sua defesa, encontra-se emocionalmente abalada e constrangida com a repercussão do caso. Ela pediu desculpas públicas aos envolvidos e aos seus seguidores.
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