Ex-presidente tucano atribui racha na base aliada ao aliciamento de partidos pelo PT
17 março 2014 às 15h51
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Um dos responsáveis pela presença de Aécio Neves na disputa presidencial, inclusive como forma de desconcentrar o comando do PSDB em São Paulo com a criação de um polo em Minas, o ex-presidente FHC desconsiderou a possibilidade de reciclagem de peemedebistas em sua fala política ao participar do seminário a propósito dos 20 anos do Plano Real.
Longe disso, Fernando Henrique condenou a qualidade do produto do conflito entre peemedebistas e o PT. “Essa crise que vemos agora não é porque estejam discordando de uma agenda política”, referiu ao embate. “É porque estão tratando de ver qual pedaço de poder cada um vai ocupar”, menosprezou os figurantes da briga. Mais adiante, o ex apresentou a tese central de sua fala:
— Não estamos vivendo mais o presidencialismo de coalizão, mas de cooptação. Nesse momento que temos é cooptação de partidos para manter o poder.
Coalizão seria a aliança entre partidos com o PSDB para governo, como na era FHC. Hoje, a cooptação seria o aliciamento de partidos para governarem com o PT em troca de vantagens que estimulam a proliferação de legendas e de cargos. “Temos no Congresso mais de 30 partidos registrados, além de 39 ministérios”, espantou-se. Na realidade, são 40 ministérios.
Como exemplo da diferença nas alianças com partidos, Fernando Henrique afirmou que em seu governo a coalizão com o antigo PFL (atual DEM) se baseou num projeto de desenvolvimento nacional. Hoje, a cooptação não seria democrática. “O Estado não é democrático”, discursou. “O processo de decisão se faz à margem do Congresso e da sociedade.”