Estudo revela alto valor nutricional de frutas do Cerrado

04 agosto 2025 às 18h45

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Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou o alto valor nutricional de frutos típicos do Cerrado brasileiro.
A pesquisa, publicada no Brazilian Journal of Food Technology, analisou a composição de sete frutas nativas: abacaxi-do-cerrado, angelim-rasteiro, araçá-do-campo, araticum, caraguatá, lobeira e pequi.
A investigação surgiu a partir de um estudo sobre a dieta do lobo-guará e do cachorro-do-mato, segundo o biólogo Renato D’Elia Feliciano, da UFSCar. “Esses animais nos deram pistas valiosas sobre o potencial de aproveitamento humano dessas frutas”, explica Feliciano.
O levantamento identificou que lobeira, angelim-rasteiro e abacaxi-do-cerrado são fontes relevantes de proteínas, enquanto araticum, caraguatá e araçá-do-campo se destacam pelo alto teor de carboidratos, fornecendo energia e disposição.
“Algumas dessas frutas apresentam quantidades de nutrientes comparáveis às das frutas comerciais”, afirma o pesquisador. A equipe também pretende investigar os micronutrientes, como vitaminas, sais minerais e fitoquímicos, substâncias que podem ter efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios.
Conheça os principais frutos do Cerrado analisados no estudo
Abacaxi-do-cerrado (Ananas ananassoides)
Menor e mais ácido que o abacaxi comum, o abacaxizinho-do-cerrado é rico em proteínas e fibras. Contém bromelina, enzima que facilita a digestão. É consumido em forma de sucos e doces.
Angelim-rasteiro (Andira humilis)
Apesar da flor vistosa, o fruto é pouco conhecido e ainda requer estudos sobre sua toxicidade e potencial alimentício. Apresenta alto teor de proteínas, segundo a análise.
Araçá-do-campo (Psidium grandifolium)
Parente da goiaba, esse fruto de sabor suave é rico em carboidratos e pertence à família Myrtaceae. Ainda pouco explorado comercialmente, pode ser uma boa aposta para diversificar a alimentação.
Araticum (Annona crassiflora)
Conhecido como marolo ou panã, o araticum pode pesar até 2 kg. Sua polpa perfumada tem fibras, potássio e compostos antioxidantes. É usado em compotas, sucos e sorvetes.
Caraguatá (Bromelia balansae)
Da mesma família do abacaxi, o caraguatá oferece bromelina, fibras e tem uma polpa ácida, muito aromática. Já é utilizado em refrescos e em farinhas para bolos e biscoitos.
Lobeira (Solanum lycocarpum)
Também chamada de fruta-do-lobo, é uma das principais fontes de alimento do lobo-guará. Rica em proteínas, alcaloides (que devem ser consumidos com cuidado) e fitoquímicos. Utilizada madura em geleias e compotas.
Pequi (Caryocar brasiliense)
Conhecido como o “ouro do Cerrado”, o pequi é famoso na culinária regional. Rico em carotenoides, com potente ação antioxidante, e em gorduras saudáveis, é ingrediente de pratos como a galinhada e conservas.
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