Espião russo ‘que nasceu em Goiás’ está entre prisioneiros trocados por americanos; entenda
02 agosto 2024 às 12h05
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Um russo, que usava uma certidão de nascimento falsa emitida em um cartório da cidade de Padre Bernardo, no Entorno do Distrito Federal, está entre os 24 prisioneiros libertados pelos Estados Unidos, Rússia e outros seis países nesta quinta-feira, 1º, na maior troca de detentos desde a Guerra Fria. Mikhail Mikushin, que usava o nome de José de Assis Giammaria, foi preso em novembro de 2022 em Tromsø, na Noruega.
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As autoridades norueguesas o acusaram de espionagem. Na época, a embaixada russa em Oslo disse não ter informações sobre a cidadania russa de Mikushin. A informação foi divulgada pela BBC Brasil, que afirmou que os representantes do cartório não sabiam como o documento foi parar na mão do espião russo. O Jornal Opção entrou em contato com a repartição e aguarda retorno.
Segundo autoridades norueguesas, Mikushin usou o nome falso para se infiltrar em universidades do Canadá e da Noruega. As autoridades dos países afirmam que ele seria um coronel russo que fingia ser brasileiro para atuar como pesquisador na Universidade do Ártico da Noruega, país com quem a Rússia faz fronteira.
Após a prisão, o “brasileiro” admitiu que, na verdade, era cidadão russo e que se chamava Mikhail Mikushin. O site The Insider revelou que Mikushin estudou na Academia Militar Diplomática do Departamento Central de Inteligência russo (GRU) e seria um oficial de inteligência atuando ilegalmente no exterior.
A publicação descobriu que o russo estaria envolvido em trabalhos de investigação no Canadá, teria publicado artigos sobre bases militares no Ártico e depois se mudado para a Noruega como parte de um programa que estudou. O russo “goiano” não é um caso isolado.
Pelo menos três casos de supostos espiões russos sob identidades brasileiras foram detectados. Não há evidências de que eles teriam espionado instituições ou autoridades brasileiras. O Brasil, segundo especialistas, foi escolhido pela Rússia como o ponto de partida de alguns dos agentes que fariam parte da elite da espionagem por três principais motivos:
- Fragilidades dos sistemas de emissão e controle de documentos no Brasil;
- Histórico de não envolvimento do país em conflitos internacionais;
- População miscigenada.
Troca de prisioneiros
Entre os demais prisioneiros trocados entre os EUA e a Rússia, estão o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich e o veterano da Marinha dos EUA Paul Whelan. O cidadão alemão Rico Krieger, condenado à morte em Belarus e depois perdoado pelo presidente Alexander Lukashenko, e o prisioneiro político russo Ilya Yashin também estavam na lista.
Já os prisioneiros russos estavam detidos nos EUA, Noruega, Eslovênia, Polônia e Alemanha. Vários deles estão envolvidos em suspeitas de vínculos com a inteligência russa. Um deles é Vadim Krasikov, identificado por autoridades alemãs como coronel do serviço de inteligência russo FSB, que estava cumprindo pena perpétua pelo assassinato de um oponente do Kremlin em 2019 em um parque de Berlim.
O governo da Turquia facilitou e sediou a troca na quinta-feira. A presidência turca disse que todos os prisioneiros desceram de aeronaves no aeroporto de Ancara, foram transferidos para locais seguros sob a supervisão de autoridades de segurança turcas e, em seguida, colocados em aviões para seus respectivos países de destino.