Advogado especialista em Recuperação de Crédito destaca que, com a chegada do coronavírus e consequentemente o impacto gerado na economia brasileira, modelo de investimento acabou se tornando uma opção de retorno equivalente aos ganhos da bolsa, porém, com riscos mais controlados

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Graças a pandemia gerada pela disseminação do novo coronavírus (Covid-19), o mercado econômico mundial terminou drasticamente afetado em 2020. Tratando-se especificamente do Brasil, a taxa básica de juros — popularmente conhecida como taxa selic — recuou para uma baixa histórica de 2,5% ao ano. Por trás da estratégia econômica a intenção é clara: reaquecer o mercado e atribuir valor a economia brasileira.

É inegável que o mundo dos investimentos no Brasil vive uma fase crescente nos últimos anos. O comportamento é tido como positivo pois fomenta o mercado, diminui a soberania dos bancos sobre o capital brasileiro e diversifica carteiras. Além disso, força grandes instituições financeiras a buscarem alternativas e condições mais rentáveis a seus clientes.

Diante do “novo normal” onde os investidores preveem baixíssimos retornos para aplicações em renda fixa, é comum que muitos se arrisquem na renda variável em busca de retornos mais significativos — apesar do risco de perda do patrimônio. Durante o naufrágio trazido pelo coronavírus, muitos migraram para a bolsa de valores, por exemplo, em busca de uma lucratividade mais robusta.

No entanto, o advogado especialista em Recuperação de Crédito, Marcello Chater, chama atenção para um novo modelo de investimento capaz de fundir, segundo ele, aquilo que o investidor conservador busca neste momento: segurança e rentabilidade. “Estamos falando do NPL, uma sigla que vem se tornando cada vez mais conhecida. O NPL, que significa Non-Performing Loan, ele engloba diversos ativos estressados que variam de dívidas com bancos, pessoas físicas, jurídicas, precatórios, notas promissórias, ou seja, tudo que abrange o crédito vencido no mercado”, pontua.

Passo a passo

Em resumo, Chater explica que o NPL acabou se tornando uma opção de retorno equivalente aos ganhos da bolsa, porém, com riscos mais moderados. O primeiro passo realizado nesse tipo de operação é conhecido como “due diligence”, que significa diligência prévia. “Posteriormente é que é feita a análise dos contratos, das garantias, levantamento dos ônus e riscos de compra de um ativo. Após essa análise inicial, elaboramos um relatório de riscos da compra”, acrescenta.

Advogado especialista em Recuperação de Crédito, Marcello Chater / Foto: Arquivo Pessoal

Em seguida, o relatório é enviado para análise econômica. Nela, o crédito é precificado. “Nessa parte, com parecer jurídico em mãos, os economistas transformam os resultados em números e definem a possível taxa de retorno aos investidores. Nessa fase também são preparados os ‘pipelines’ que mostram o teto de gastos para compra. Após a aprovação por parte do comitê, inicia-se a negociação e a possível aquisição dos ativos”.

Envolvimento jurídico

Segundo o advogado, os agentes jurídicos são peças fundamentais nessa modalidade de investimento pois através da análise feita pelos advogados é que se chega à precificação dos ativos. Além, é claro, de toda responsabilidade envolvida no ato de negociação da compra.

“Nesse momento é que se vislumbra o quanto a operação poderá ser rentável para o negócio. Nesse ponto calculamos também os riscos que envolvem esse tipo de investimento, haja vista que podem existir fatores que compliquem ou impossibilitem a recuperação do crédito. Isso faz com que o investimento se torne arriscado. No entanto, se as etapas anteriores forem feitas de forma séria e com profissionais competentes, torna-se uma operação com rendimento muito acima de muitas outras no mercado”, argumenta.

Segundo o advogado, uma média de retorno em uma operação como essa pode variar bastante. “Mas é possível encontrar casos com retorno de aproximadamente 15% ao ano. Além disso, diante do cenário atual de pandemia, com aumento da inadimplência e diminuição de juros, esse tipo de investimento ganha ainda mais protagonismo”, garante.