Oncologista ouvida pelo Jornal Opção explica que alimentação saudável e exercícios físicos podem diminuir até 30% dos tumores

O Observatório de Oncologia, plataforma analítica criada pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), desenvolve uma série de pesquisas para alertar sobre a necessidade de mudanças significativas nas políticas públicas para frear o avanço dos casos de câncer no país.

Dra. Andreza Souto | Foto: Divulgação

O último levantamento constatou que um total de 516 cidades brasileiras já apresentam o câncer como principal causa de morte. Em Goiás, em 16 municípios, entre eles, Nova Veneza e Itapirapuã, a doença é a principal causa de óbito.

De acordo com a Dra. Andreza Souto, oncologista clínica do Instituto Onco-Vida/ Oncoclínicas, o aumento dos casos de câncer está relacionado com o aumento da longevidade. Segundo ela, quanto maior a expectativa de vida de uma população, maior a probabilidade do aparecimento do câncer.

Neste cenário, a genética representa apenas de 5 a 10% das causas da doença, enquanto cerca de 30% dos tumores poderiam ser evitados por mudanças no estilo de vida. A falta de exércícios físicos, alimentação inadequada, uso cada vez maior de cigarro e bebidas, associado a falta de exames de check-up, tudo isso está ligado ao aumento de mortalidade nos últimos anos.

A precariedade dos estudos e os atrasos do sistema de Saúde brasileiro também contribuem para os óbitos relacionados ao câncer. “Precisamos melhorar muito, tanto na rede privada e muito mais na rede pública. Estamos aquém de países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde são feitos os maiores estudos em oncologia”, disse em entrevista ao Jornal Opção.

“Até tivemos algumas melhoras, mas é preciso que tudo seja ainda muito mais rápido. A implantação de uma medicação mais nova, por exemplo, demora bastante na rede privada brasileira, e, na rede pública, as vezes ainda nem tem”, acrescentou.

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Para Andreza, tanto o tratamento quanto o diagnóstico precisam de avanços no país, principalmente para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

A chave para a melhora, de acordo com a especialista, é a educação. “Precisamos alertar a população que o câncer vai virar a maior causa de morte na maioria das cidades até 2030. Precisamos priorizar principalmente a prevenção”, indicou, apontando que, quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura. 

Por isso, a dica é: foco nas medidas preventivas, como exercícios físicos três vezes na semana, alimentação adequada, com consumo de frutas e verduras, além de evitar bebidas, cigarro e exposição solar. Tudo isso, associado a exames de rotina de acordo com a idade de cada paciente.