O micro-ondas, um item essencial na cozinha moderna, é o centro de um debate acalorado sobre sua segurança e impacto na saúde. Enquanto alguns o veem como um salvador na hora de cozinhar, outros temem seus possíveis efeitos adversos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando usado corretamente, não há preocupações significativas com a radiação emitida pelo micro-ondas. No entanto, questões sobre perda de nutrientes e possíveis riscos de aquecer alimentos em recipientes de plástico ainda são motivo de controvérsia.

Estudos mostram que o micro-ondas pode resultar em alguma perda de nutrientes, como os flavonoides encontrados em vegetais como brócolis. No entanto, a extensão dessa perda varia e pode não ser significativa em todos os casos.

“Embora em geral o micro-ondas seja o método preferido, o tempo ideal será diferente para diferentes vegetais”, diz Wu. “Ao considerar métodos de cozimento domésticos comumente usados, o micro-ondas é o melhor método de cozinhar, pelo menos para muitos alimentos de origem vegetal, mas provavelmente não para todos.”

Pesquisas mais recentes destacam que o micro-ondas pode realmente preservar nutrientes em certos alimentos, como legumes, e até mesmo aumentar o conteúdo de compostos benéficos, como flavonoides.

“Sob as condições de cozimento usadas neste estudo, o micro-ondas parecia ser uma maneira melhor de preservar os flavonoides do que o vapor”, escreveram os pesquisadores.

“O tratamento térmico moderado pode ter sido uma ferramenta útil para melhorar as propriedades de alguns vegetais”, escreveram os pesquisadores.

Quanto ao aquecimento em recipientes de plástico, há preocupações válidas sobre a possível liberação de substâncias químicas prejudiciais, como ftalatos e bisfenol A (BPA), especialmente quando expostos ao calor. Estes produtos químicos estão associados a uma série de problemas de saúde, incluindo distúrbios hormonais e metabólicos.

“Alguns tipos de plástico não são feitos para micro-ondas, porque têm polímeros no interior para torná-los macios e flexíveis, que derretem a uma temperatura não tão alta, e podem se soltar durante o processo se a temperatura ultrapassar os 100° C”, diz Juming Tang, professor de engenharia de alimentos na Universidade Estadual de Washington.

Para reduzir os riscos, é recomendável optar por materiais alternativos, como cerâmica, ao aquecer alimentos no micro-ondas. Além disso, evitar o uso de recipientes de plástico danificados ou aqueles identificados com os códigos de reciclagem que indicam a presença de ftalatos pode ajudar a minimizar a exposição a essas substâncias nocivas.

Em última análise, embora o uso do micro-ondas seja amplamente seguro, é importante estar ciente dessas considerações e adotar práticas seguras ao aquecer alimentos.

Riscos para a saúde

Reaquecer ou cozinhar alimentos no micro-ondas pode apresentar diversos riscos potenciais, mesmo para aqueles que evitam o uso de plástico. Esses perigos incluem o aquecimento desigual e a aplicação de altas temperaturas.

“Dependendo da porção de alimento que é aquecida, haverá algumas partes mais quentes que outras”, diz Francisco Diez-Gonzalez, professor de segurança alimentar da Universidade da Geórgia, nos EUA.

“As temperaturas vão ser diferentes em partes distintas da comida. É difícil atingir uma temperatura completamente uniforme, principalmente quando se fala de alimentos crus.”

É recomendável utilizar o micro-ondas para reaquecer alimentos em vez de cozinhá-los, pois o cozimento pode ocorrer de maneira irregular. No entanto, é importante notar que mesmo o simples ato de reaquecer alimentos pode trazer riscos.

Para garantir a eliminação de bactérias nocivas, os alimentos devem ser aquecidos a pelo menos 82°C. Além disso, os alimentos não devem ser reaquecidos mais de uma vez, pois as bactérias podem proliferar durante o resfriamento.

As altas temperaturas usadas no micro-ondas também são motivo de preocupação. Embora temperaturas mais elevadas geralmente não sejam um problema, alguns estudos indicam que o cozimento de certos alimentos ricos em amido, como cereais e vegetais de raiz, no micro-ondas pode representar um risco.

Por exemplo, a acrilamida, um subproduto natural da culinária, pode se formar em temperaturas mais altas no micro-ondas. Pesquisas demonstraram que a acrilamida pode agir como agente cancerígeno, interferindo no DNA das células.

Embora as evidências em humanos sejam limitadas, estudos sugerem que as micro-ondas podem favorecer a formação de acrilamida em comparação com outros métodos de cozimento. No entanto, uma exposição curta às micro-ondas, como no caso de descongelamento, em baixa potência, pode limitar a formação de acrilamida quando o alimento é posteriormente cozido.

“A 100°C, há energia suficiente para alterar as articulações automáticas entre as moléculas de modo a produzir uma molécula com muito mais energia, que pode provocar uma reação com o DNA, o que induz mutações”, diz Schwartz. “Quando há muitas mutações, pode acontecer um câncer.”

Uma técnica para mitigar esse risco é mergulhar as batatas em água antes de colocá-las no micro-ondas. Isso pode ajudar a reduzir a formação de acrilamida durante o processo de aquecimento.

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