Empresária que morreu após cirurgias plásticas implorou para ser atendida em Goiânia
10 maio 2024 às 12h07
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A empresária Fábia Portilho, de 52 anos, chegou a mandar áudios e mensagens informando ao médico sobre as dores que estava sentindo no pós-operatório. A mulher morreu na última terça-feira, 7, quatro dias depois de passar por procedimentos de mamoplastia e lipoaspiração, em Goiânia.
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A proprietária de um hotel de luxo em Goianésia teria desembolsado cerca de R$ 80 mil para realizar as cirurgias plásticas no Hospital Unique, conforme informou o cunhado da vítima, Alessandro Almeida Jorge. Ela se submeteu aos procedimentos na sexta-feira, 3.
“Ela recebeu alta dois dias depois da cirurgia e foi para um spa de enfermagem. A Fábia era muito vaidosa e acreditou no sonho, que estava em boas mãos. Nos áudios que ela mandou para o médico, falava que iria morrer, implorou para ser atendida, dizia que estava errado”, afirmou.
Alessandro reforçou que a cunhada chegou na unidade de saúde ainda pela manhã e solicitou uma tomografia para saber o motivo das dores. À tarde, ainda sem realizar o exame, ela teria enviado as mensagens ao médico. Fábia deixou o Hospital Unique por volta das 21h – passadas mais de 10 horas desde o check-in.
Antes de ser transferida para o Albert Einstein, também em Goiânia, Fábia foi avaliada por um outro profissional da unidade. Segundo Alessandro, o médico teria entendido que o quadro da empresária não era grave e que ela “estaria exagerando”.
“Depois de mais de três horas pedindo ajuda para mudar de hospital, a gente conseguiu a liberação. Na hora de oferecer o produto, eles tratam a pessoa como uma princesa, mas depois de uma intercorrência não tem aquela estrutura. Porque não fizeram os exames que ela pediu?”, questionou.
A empresária não resistiu à mudança e morreu ainda nos primeiros socorros após um choque misto (séptico, hemorrágico e obstrutivo), conforme registrado pela Polícia Civil (PC). A corporação solicitou um exame cadavérico para apurar se houve negligência por parte do hospital e do médico.
Procurado, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) disse que as condutas éticas de médicos tramitam em total sigilo na autarquia. Em nota, a unidade de saúde informou que não houve negligência por parte da equipe médica e que o hospital possui a estrutura necessária para atender casos complexos. O hospital disse ainda que orientou os parentes a não realizarem a transferência para outra unidade devido à condição instável da paciente, mas que os familiares argumentaram que havia um médico da família trabalhando em outra instituição (veja nota na íntegra abaixo).
À imprensa, o médico Nelson Rodrigues lamentou a morte da empresária e disse que os procedimentos foram realizados sem intercorrências e queixas da paciente. Além disso, afirmou que prestou toda a assistência à Fábia (veja nota completa abaixo).
Marrone lamenta morte
O cunhado afirmou que Fábia era conhecida no meio artístico devido à profissão e ao carisma. O cantor Marrone, da dupla com Bruno, inclusive, lamentou a morte da empresária. Familiares e amigos se despediram de Fábia na manhã desta quinta-feira, 9, em uma cerimônia de velório e sepultamento, em Goianésia, no centro goiano.
“Que Deus abençoe e dê muita força para a família da Fábia. Ela era muito amiga minha e eu adorava ela demais, meus sentimentos”, disse o sertanejo.
Veja nota completa do Hospital Unique
“Em resposta às solicitações de esclarecimento por parte da imprensa, a respeito da cirurgia realizada na Sra. Fábia Portilho, o Hospital Unique, inicialmente, expressa seu profundo pesar pelo falecimento da paciente.
A instituição reconhece a gravidade da situação e está empenhada em fornecer todas as informações necessárias para esclarecer os fatos. No entanto, ressalta que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, pois as investigações sobre as circunstâncias do ocorrido estão em andamento e aguardam laudos técnicos e periciais.
O Hospital Unique, representado por seu advogado, reitera seu compromisso com a transparência e a ética, esclarecendo que todas as medidas de segurança e protocolos médicos foram seguidos rigorosamente. Além disso, reforça que não houve qualquer negligência por parte da equipe médica e que o hospital possui toda a estrutura necessária para atender casos complexos.
O hospital orientou os parentes a não realizarem a transferência para outra unidade devido à condição instável da paciente. No entanto, os familiares decidiram pela transferência, argumentando que havia um médico da família trabalhando em outra instituição. Para isso, contrataram serviços de ambulância, embora fossem dispensáveis.
O Hospital Unique, em sua recomendação médica, na prudência peculiar, avaliou os riscos envolvidos e aconselhou contra a transferência até a estabilização da paciente. A condição crítica foi comunicada aos parentes, explicando os riscos envolvidos e a necessidade de aguardar a estabilização da paciente para a realização de um exame de tomografia.
Mesmo assim, os parentes decidiram prosseguir com a transferência, assumindo total responsabilidade pela decisão. O atendimento prestado pela instituição incluiu todos os esforços possíveis, como a realização de diversos exames, infusão de sangue e outras intervenções, visando a melhora do quadro clínico da paciente.
O hospital irá colaborar integralmente com as autoridades competentes para apurar as circunstâncias do ocorrido. O Hospital Unique reforça que a segurança e o bem-estar de seus pacientes são prioridades absolutas e que continuará trabalhando incessantemente para assegurar os mais altos padrões de atendimento médico.
A instituição está à disposição para prestar todo o apoio necessário à família e para fornecer quaisquer informações adicionais que se façam necessárias”.
Veja nota completa no médico Nelson Rodrigues
“Primeiramente, quero manifestar meus pêsames pela morte da Sra. Fábia Portilho e minha solidariedade aos familiares e amigos neste momento difícil.
Diante das indagações da imprensa, esclareço que realizei dois procedimentos cirúrgicos na Sra. Fábia, no último sábado (4), que transcorreram sem intercorrências. A paciente não manifestou queixas em sua consulta de retorno pós-operatório, e sua recuperação estava ocorrendo dentro do esperado.
Na terça-feira, no entanto, a paciente compareceu ao Hospital, apresentando queixas que passaram a ser imediatamente investigadas. Porém, apesar do quadro de instabilidade apresentado, a família optou pela transferência para outro hospital.
Ressalto que, em nenhum momento, deixei de prestar assistência à paciente, seguindo sempre os protocolos adequados e as práticas médicas recomendadas pelo Conselho Regional de Medicina e pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Informações detalhadas sobre o prontuário da paciente não podem ser compartilhadas publicamente, devido ao sigilo médico e à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, mas estou à disposição da família para todos os esclarecimentos”.
Veja nota completa do Cremego
“Todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) ou das quais tomamos conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico”.