Em votação aberta, Senado mantém prisão de Delcídio Amaral
25 novembro 2015 às 20h58
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Maioria absoluta dos senadores votou pela manutenção da decisão do STF. Petista é acusado de tentar atrapalhar Operação Lava Jato
O Senado Federal votou, na noite desta quarta-feira (25/11), pela manutenção da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
Em votação aberta — avalizada pelo próprio plenário –, 59 senadores votaram em favor do entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirma que é possível prender parlamentar durante exercício do mandato por crime inafiançável.
A maioria dos partidos orientou suas bancadas a votar favorável à prisão. No entanto, vários senadores usaram a palavra durante toda a sessão para enaltecer a atuação de Delcídio no Congresso, como líder do governo federal.
“Delcidio é admirado, valoroso, defensor do governo e de seu Estado”, elogiou Aloísyo Nunes, do PSDB de SP. Mesmo assim, o tucano acredita que ir contra decisão do Supremo é ir contra os anseios da sociedade.
Já Telmário Mota (PDT-RR) criticou a ação da Polícia Federal e a própria decisão do STF: “A imunidade do senador Delcídio foi quebrada, ele foi preso. Senado teve bens retirados”. Além disso, o pedetista afirma que a prisão preventiva é “inaceitável” e viola “princípios constitucionais”.
“Estou vivendo a ‘sessão constrangimento’ da minha vida. Votando contra o coração e a favor da razão”, lamentou Agripino Maia, do DEM-RN. Ele exaltou o trabalho de Delcídio e afirmou que o considera um “amigo”: “Um voto de sofrimento”.
Na contramão, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu a “inconstitucionalidade” da ação do STF. Segundo ele, parlamentares não podem ser presos durante exercício do mandato.
Veja como orientaram os partidos:
PSB: sim
PMDB: libera bancada
PDT: libera bancada
DEM: sim
PSDB: sim
Rede Sustentabilidade: sim
PT: não
O caso
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) foi preso em um hotel pela Polícia Federal nesta quarta-feira (25), em Brasília. Líder do Governo no Senado, ele é acusado de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.
O petista teria tentado dificultar a delação premiada do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró sobre sua suposta participação em irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
As primeiras informações são de que o filho de Serveró teria gravado vídeo do senador oferecendo fuga para o ex-diretor para evitar depoimento na delação. A prisão é preventiva, ou seja, não há prazo para o fim da reclusão.
Foram realizados mandados de busca e apreensão na casa do congressista em Mato Grosso do Sul. As ações foram autorizadas pleo Supremo Tribunal Federal (STF).
Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano por ter recebido entre US$ 1 e 1,5 milhão de dólares de propina pela compra da refinaria. O parlamentar já havia citado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, em outro depoimento.