Durante interrogatório, policiais militares voltam a alegar que Murilo Macedo foi morto durante troca de tiros
20 agosto 2014 às 20h01
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Alguns dos acusados se emocionaram e afirmaram estarem sob tratamento psiquiátrico devido à prisão
O juiz Jesseir Coelho de Alcântara conduziu na tarde desta quarta-feira (20/8) o interrogatório dos seis acusados da morte de Murilo Alves Macedo, de 26 anos, assassinado em suposta troca de tiros com policiais militares. Questionados individualmente sobre o caso, eles negaram que a morte tenha sido uma execução.
Durante o interrogatório, os subtenentes Fritz Agapito Figueiredo e Hamilton Costa Neves informaram que estavam trabalhando, de forma particular para uma rede de postos de combustíveis, quando viram o carro conduzido pela vítima. Como haviam sido anteriormente informados do roubo de um veículo com as mesmas características do que avistaram, inclusive da placa, iniciaram uma perseguição.
Em uma parada, os dois desceram do carro, abordaram o suspeito, Murilo Macedo, e pediram para ele colocar as mãos para cima. Entretanto, segundo argumentação dos dois subtenentes, ao invés disso, Murilo saiu no carro novamente.
Fritz e Hamilton alegaram que, nesse momento, acionaram o Copom, que também entrou em contato com a equipe da Rotam que, de posse da informação, passou a vasculhar a região, inclusive no bairro Jardim Real. Vitor comandou a equipe, composta ainda por Cláudio Henrique, Alex Sandro e Ricardo.
Todos confirmaram que avistaram o veículo no Jardim Real, passaram a perseguir e, após o Murilo bater o veículo na entrada de uma chácara, houve disparos por parte do suspeito, levando os policiais a revidar o ataque, o que resultou na morte do vendedor. Os quatro policiais, que integravam a equipe da Rotam, confirmaram que a vítima realmente morreu durante ‘confronto’, em frente à entrada de uma chácara. Entretanto, quando questionados sobre a autoria da morte, todos negaram e afirmaram que revidaram ao ataque da vítima.
Após constatarem que Murilo tinha recebido três tiros, acionaram o Corpo de Bombeiros e o Samu, já que, por regra da polícia, os militares não podem retirar a vítima do local. Os acusados afirmaram que isolaram o local e também entraram em contato com a Corregedoria da Polícia Militar. As armas da equipe da Rotam foram recolhidas no mesmo dia para perícia.
Durante o interrogatório, alguns dos acusados se emocionaram e afirmaram estarem sob tratamento psiquiátrico devido à prisão. Com o fim da instrução probatória, o juiz concedeu o prazo de cinco dias, tanto para a promotoria quanto para as defesas, para as alegações finais escritas. Após esse prazo, o juiz decidirá se os policiais serão levados ou não a júri popular.
Denúncias
Segundo as denúncias, Murilo Macedo teria sido assassinado porque estava no Honda Civic que teria sido roubado de um policial militar. Os policiais afirmaram que o rapaz foi morto durante um confronto com membros da Rotam. No entanto, conforme tomou-se conhecimento graças a escutas feitas pela Polícia Federal, Murilo foi abordado na GO-060, próximo ao Pit Rodeio Clube, momento em que os subtenentes Fritz Agapito e Hamilton Costa ligaram para o Copom. Em seguida, os militares ordenaram a Murilo que colocasse as mãos na cabeça e houve um disparo.
Ainda de acordo com as peças acusatórias, a equipe da Rotam chegou no local em seguida dando cobertura aos primeiros denunciados. Eles teriam alterado o local do crime e permitido a saída de Fritz e Hamilton do local do “confronto encenado”.
O interrogatório dos acusados estava previsto para o final de abril deste ano, mas foi adiado porque a defesa dos réus alegou a necessidade da realização de um laudo pericial, pelo Instituto de Criminalística, que informaria se houve ou não o disparo de arma de fogo no caso. O juiz acatou o pedido para a realização da diligência para evitar que eventualmente seja alegado cerceamento de defesa, o que poderia provocar nulidade processual.
Sexto Mandamento
A Operação Sexto Mandamento foi deflagrada em fevereiro de 2011 após investigações feitas pela Polícia Federal, solicitadas pela Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás a partir de determinação do Ministério da Justiça. A motivação para as apurações foram diversas notícias de mortes e desaparecimentos atribuídas a abordagens policiais. A investigação foi feita pela Polícia Federal porque havia suspeita de interestadualidade do grupo criminoso.