Dilma ofereceu os anéis, mas os dissidentes aliados podem pedir mais nesta semana
17 março 2014 às 16h21
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A semana que se inicia deve apresentar a continuidade de insatisfações entre aliados, especialmente o PMDB, que manteve dois ministérios na troca de ministros, mas com titulares que não são propriamente peemedebistas de coração. Agora poderão vir reações ao jeito de a presidente Dilma Rousseff atender, mas não atender o partido.
É possível admitir que a má vontade do Planalto em relação aos deputados do PMDB nas trocas de ministros de quinta-feira se declarou definitiva dois dias antes. Em visita a Viña del Mar para a nova posse de Michelle Bachelet na presidência do Chile, Dilma cedeu à provocação de um repórter sobre a rebelião de governistas e respondeu com ironia não aconselhável à ocasião:
— Vou falar uma coisa para vocês: o PMDB só me dá alegrias.
A ironia soou como provocação ao partido que se propagou nas votações da Câmara em Brasília. Pelo que se viu na troca de ministros de quinta, o tratamento da presidente não se alterou depois do vendaval. Agora o PMDB possui um calendário de audiências com ministros e a Petrobras na Câmara que oferece combustão na fogueira no ano de eleições.
Congresso que promete emoções parlamentares pelo resto do semestre, ao embalo da campanha eleitoral que se acelera. Quanto à presidente Dilma, emoções particulares. A trombada com os deputados permitiu destravar a troca de ministros que o PMDB bloqueava. Porém, a presidente perdeu espaço na escolha de uma equipe ajustada ao seu modelo originalmente idealizado.
Dilma, em vez de escolher dois ministros ao seu gosto original, preferiu nomes que implodam o PMDB. Trata-se de retaliação. Dilma foi ao confronto. Selecionou ministros técnicos que joguem os aliados uns contra os outros.
No Turismo, que era da cota dos deputados do PMDB liderados pelo contestador Eduardo Cunha, colocou alguém indicado por um senador do partido, Renan Calheiros, presidente do Senado e que optou por Vinicius Lages na vaga de Gastão Vieira.
Na Agricultura, promoveu o secretário de Política Agrícola, Nuri Geller, suplente de deputado pelo PMDB, mas amigo do senador Blairo Maggi, do PR de Mato Grosso. Ocupa o lugar do deputado Antônio Andrade.
O PP, que incomodou menos na rebelião manteve o Ministério das Cidades pacificamente com o aliado Gilberto Occhi, um dos vice-presidentes da Caixa Econômica Federal. No Ministério da Pesca, sai o senador Marcelo Crivella (Rio) e entra seu suplente Eduardo Lopes.
No Ministério da Ciência e Tecnologia, a transição também é pacífica entre dois cientistas: Clélio Campolina Diniz assume a vaga de Marco Antônio Raupp. No Desenvolvimento Agrário, a solução ficou em casa, no PP: Miguel Rossetto retorna e ocupa a vaga de Pepe Vargas.