Dilma admite que economia não está bem e afirma que causa de CPI não é a Petrobras, mas ela
07 maio 2014 às 11h29

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Petista recebeu jornalistas em jantar no Palácio da Alvorada e abordou todos os temas que envolvem sua gestão e o próximo pleito eleitoral. Perguntas enfocaram política e economia
A presidente Dilma Rousseff falou abertamente sobre os percalços econômicos intensificados em sua gestão e admitiu que “não está tudo bem” com os preços impostos aos brasileiros durante jantar descontraído com jornalistas e representante dos principais veículos da mídia brasileira na noite da última terça-feira (6/5) no Palácio da Alvorada. Ela respondeu a praticamente todas as perguntas.
“O efeito da inflação não explica o mal-estar. Não está tudo bem, mas está sob controle”, disse, emendando que quem a crítica tem “memória curta”, referindo-se à melhora na renda creditada aos três governos do PT. “Melhorou a renda, eu quero mais. A população quer mais e melhores serviços. O estoque de bens é de agora, mas de serviços é do passado, quem me critica tem memória curta.”
Como esperado, os temas economia e política foram os mais enfocados, sendo que a petista negou propaganda antecipada no discurso do Dia do Trabalhador, em 1º de maio, quando anunciou melhoras ao Bolsa Família, reajuste na tabela do Imposto de Rende e abordou as polêmicas que envolvem a economia e a Petrobras.
Apesar de reconhecer publicamente o problema, a petista garantiu que a inflação está sob controle. A presidente adotou frases de efeito no sentido de demonstrar confiança e disposição, em resposta ainda ao chamado coro “volta Lula” formalizado pelo PR na semana passada. Dizendo não ser uma “pessoa deprê”, Dilma Rousseff afirmou que irá à luta para manter-se presidente da República.
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“A única pessoa que te derrota é você mesma. Em qualquer circunstância, a derrota está aqui dentro [apontou para a cabeça] e eu não me deprimo”, declarou. Na semana passada a petista disse esperar pelo apoio de sua base, mas que se não o tivesse se lançaria à reeleição da mesma forma. Na ocasião ela comentava o movimento “volta Lula”, quando disse considerá-lo normal.
Perda da popularidade
Dilma disse apenas que lamenta “muito” o fato de a Bolsa de Valores cair quando os índices de intenções de voto dela apresentam queda em pesquisas e que não haverá aumento de impostos em seu governo. A petista rechaçou veementemente que em 2015 a economia brasileira sofrerá um colapso. “Se 2015 vai explodir? Essa história é ridícula. O Brasil é um país sólido”, respondeu enfaticamente, elencando que o país vive em estabilidade econômica, possui uma indústria sofisticada e “altamente atraente para o capital internacional.” Segundo a presidente, “O Brasil vai bombar.”
Para desqualificar as críticas direcionadas a ela devido aos resultados dos últimos PIBs brasileiros, Dilma comparou o Brasil aos Estados Unidos ao citar que a economia norte americana cresceu 0,025% no último trimestre, o que daria 0,1% ao ano, mas que mesmo assim é considerada uma economia em recuperação. “Aqui no Brasil se isso acontecesse o céu estava caindo na minha cabeça, iam dizer que é um desastre, que o mundo caiu.”
Crítica velada aos adversários
Apesar de não citar nomes, Dilma Rousseff menosprezou propostas a serem apresentadas por seus opositores durante a campanha. Sobre fixação de uma meta de inflação em 3% em curto prazo –– promessa de Eduardo Campos e Marina Silva (PSB) ––, a presidente afirmou que haveria recessão e desemprego. “O desemprego iria lá para os 8,2%. Quero ver fazer investimento social, investimento em infraestrutura”.
Quando perguntada sobre qual a preferência para a disputa presidencial, a petista se esquivou: “Sem preferências, querida”, disse a uma repórter.
Provável CPI
A presidente Dilma Rousseff afirmou não temer uma CPI sobre as denúncias envolvendo a Petrobras. Segundo a petista, seu governo é transparente, por isso não se preocupa, mas frisou que só vê motivos políticos para a instalação da comissão. “É muito contraditório o tratamento que se dá para qualquer coisa no Brasil, investigações que só atingem o governo federal. O interesse todo nessa história sou eu”, declarou.
A petista reiterou que se tivesse pleno conhecimento das cláusulas do contrato sobre a compra de Pasadena (Texas) não teria assinado o documento e que agora as apurações e demais informações estão sob investigação do Tribunal de Constas da União (TCU) e demais órgãos responsáveis.