Destaque no MP, promotora Villis Marra fala dos desafios que superou para ter sucesso na carreira
08 março 2019 às 10h16

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“Uma decisão proferida por uma mulher gera um olhar diferente para algumas pessoas, por isso temos de demonstrar que somos competentes e dedicadas para exercer tão bem, ou até melhor, que os homens”

O Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira, 8, é a data perfeita para que possamos aprofundar nossas reflexões sobre o papel desempenhado pelo universo feminino na sociedade. A desigualdade entre gêneros é algo que ainda perdura em nosso cotidiano, e ressaltar as mulheres que se destacam em cargos de liderança, corrobora para o fortalecimento dessa parte tão importante na sociedade.
De acordo com o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 37,8% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres, no Brasil. A carreira nos Ministérios Públicos não é diferente, as mulheres ainda não têm o mesmo espaço que os homens. Apesar disso, contamos com nomes femininos de destaque, é o caso da Promotora de Justiça, Villis Marra.
Atuante no estado de Goiás desde 1992, a promotora defende o fim da cultura de desvalorização da mulher e do machismo, ainda presentes em nossa sociedade. Em entrevista ao Jornal Opção, Villis Marra falou dos desafios que uma promotora enfrenta em sua rotina de trabalho. “A maioria das mulheres tem que conciliar trabalho com uma rotina de mãe e dona de casa, ou seja, os desafios começam pela jornada de trabalho dela.” Além disso, a promotora afirma que as mulheres têm que mostrar que são capazes a todo momento, “estamos sempre com a preocupação de provar que somos boas e aptas a exercermos nossa profissão com competência, dedicação e coragem”.
A promotora reitera que coragem é um predicado muito exigido para uma mulher Promotora de Justiça. “Executamos um trabalho que requer muito estudo e coragem para lidar com todas as partes que compõe a Administração Pública”.
Na visão de Villis Marra, a sociedade enxerga as mulheres em posição de liderança com admiração, mas também há muita cobrança, “temos que ser boas como mães e donas de casa, felizmente, temos avançado na ocupação de cargos de liderança, embora ainda esteja muito aquém do ideal”. A promotora ressalta alguns números que revelam a representatividade feminina: “Em Goiás, a presença da mulher na política é de apenas 10%, enquanto o eleitorado feminino é de 51%, temos um longo caminho a percorrer”, conclui Villis Marra.
Quando questionada sobre como é atuar em uma profissão majoritariamente masculina, a promotora afirma: “é incentivador, além de ser gratificante. É um desafio que temos capacidade de vencer, basta que tenhamos objetivo, foco e determinação”. “Uma decisão proferida por uma mulher gera um olhar diferente para algumas pessoas, por isso temos de demonstrar que somos competentes e dedicadas para exercer tão bem, ou até melhor, que os homens”.
Para a promotora, o machismo ainda existe: “É lamentável, e devemos combatê-lo com políticas públicas voltadas à proteção e defesa das mulheres. Além disso, o fato de as mulheres ganharem menores salários que os homens é revoltante”, enfatiza. A promotora conclui dizendo: “Não podemos nos intimidar ou aceitar aquele velho ditado de que lugar de mulher é na… Ora! Lugar de mulher é onde ela quiser!