Moradores de bairros que seriam beneficiados com emenda do projeto pediram por moradias. Líder do governo pediu suspensão da sessão e se reuniu com a base por mais de 40min

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Ex-vereador Maurício Beraldo (PSDB) se manifesta contra a proposta / Foto: Marcello Dantas



A possibilidade de apreciação em segunda votação do projeto que desafeta 18 áreas públicas da Prefeitura de Goiânia voltou a movimentar o plenário e as galerias da Câmara Municipal de Vereadores na manhã desta terça-feira (13/5). Logo no início da sessão o ex-vereador e presidente do diretório metropolitano do PSDB, Maurício Beraldo, usou um megafone para se posicionar contra a proposta.

Em entrevista a jornalistas, o ex-vereador justificou o motivo de seu descontentamento. É pelo fato do texto destinar áreas apenas para atender o interesse do mercado imobiliário, sem que espaços para a construção de casas populares fossem alienados. Movimentos que defendem a criação de novas moradias estavam nas galerias. Moradores de bairros que seriam beneficiados com a redação inicial — que previa a alienação de áreas para a construção de casas — também marcaram presença.

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Com todo o barulho de vaias e as exigências feitas pelos presentes, a líder do governo, Célia Valadão (PMDB), pediu a suspensão da sessão por dez minutos para reunião dos vereadores da base. Eles saíram do plenário às 11h13 e retornaram às 12h04.

Baixo calão

Antes de usar o megafone, Maurício Beraldo, lotado no governo estadual no gabinete de gestão parlamentar, direcionou duras críticas e palavras de baixo calão para alguns vereadores. Os principais alvos foram Zander Fábio (PSL) e a líder do governo, Célia Valadão (PMDB). “Ele foi em uma assembleia com os movimentos da moradia e firmou o compromisso de votar com o bloco [moderado], favorável à habitação, e votou contra”, argumentou Beraldo. Ele se refere à votação da emenda que retornaria as áreas ao projeto original para a que as obras habitacionais fossem continuadas e iniciadas. No caso das que começariam, já haviam recursos garantidos por parte do governo estadual e federal. Porém, a emenda foi vetada, no dia 29 de abril.

Em entrevista ao Jornal Opção Online, Zander Fábio se defendeu. Avaliando que o tucano agiu de forma despreparada ao ofender os colegas em plenário, ele confirmou o convite feito por Maurício Beraldo para a assembleia e sua presença na reunião. Contudo, afirmou que fez o compromisso de discutir o texto. “Levei a proposta do Beraldo ao prefeito Paulo Garcia, mas infelizmente ele não pôde aceitar”, relembrou.

Zander Fábio ressaltou que respeita o movimento habitacional, mas as manifestações nas galerias, segundo comentou, não mudarão a opinião dele.

Obras paradas

Conforme informou Maurício Beraldo, as obras estão paradas porque sua proposta foi retirada do projeto de desafetação. Morador do Setor Jardim Guanabara 2, Ivan Schuanda Silva estava nas galerias da Câmara. Trabalhador autônomo, mas sem atuar por problemas de visão, ele paga aluguel e reclama da condição. “As obras estão paradas e estou morando de favor desde quando cheguei em Goiânia”, relatou, relembrando que chegou à capital em 1974.

Maurício Beraldo listou ainda que com a quebra de acordo setores como o Conjunto Vera Cruz, Humaitá e João Paulo II também foram prejudicados.

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