Benedita da Silva, do PT, protocolou pedido de investigação contra o militar após ele dizer que negros em quilombos “não servem nem para procriar”

Os deputados petistas Erika Kokai, Paulão, Maria do Rosário e Benedita da Silva | Foto: reprodução/ vídeo

Um grupo de deputados federais, liderados pela petista Benedita da Silva (RJ), protocolou, na tarde desta quinta-feira (6/4), uma ação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o também deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pelo crime de racismo.

Em uma palestra na capital fluminense na última terça-feira (4/4), o militar e pré-candidato à Presidência criticou duramente as demarcações de terras indígenas e os quilombos brasileiros. Ao falar de sua visita a um, Bolsonaro disse que o “afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas” e que “não fazem nada”: “Acho que nem para procriador ele serve mais.”

As declarações causaram polêmica nas redes sociais e culminaram em notas de repúdio de entidades representativas. Em vídeo filmado na porta da PGR e postado nas redes sociais, Benedita da Silva, que foi a primeira governadora negra Brasil, lamentou a postura do militar.

“Estamos todos tocados no Rio de Janeiro. A prática do racismo é crime inafiançavel, queremos justiça. Há uma mobilização nacional: não podemos deixar para lá. Não é a primeira vez que ele faz esse tipo de comentário… Nós somos bandidos, marginais, porque defendemos direitos humanos. Infelizmente, ele não gosta da gente negra, LGBT, mulheres. Pensa que é um deus, mas não é. A força do povo é maior”, disse.

Segundo a petista e seu advogado, ao dizer que o peso de negros é medido em arroba, chamá-los de imprestáveis e que não serviriam nem para “procriador”, Bolsonaro claramente cometeu o crime de racismo — que é inafiançável e não passível da imunidade parlamentar. “Não voltaremos à senzala, não aceitaremos o senhorzinho feudal achar que a escravidão ainda existe”, asseverou ela.

Também estiveram na PGR, o presidente e a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, Paulão (PT-AL) e Erika Kokay (PT-DF), bem como a deputada petista Maria do Rosário (RS).

Caso o Ministério Público Federal acate o pedido e abra investigação contra o deputado do PSC, ele deve ser denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Veja o vídeo:

Não é o primeiro

Sempre polêmico e considerado um dos líderes da nova direita extremista brasileira, Bolsonaro é réu no STF, acusado de incitação ao crime de estupro e por injúria, após ter afirmado, durante entrevista, que só não estupraria Maria do Rosário porque ela “não merecia”.