O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) afirmou nas redes sociais que é autista e que não entendeu quando o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentou reassumir a condução da sessão da última quarta-feira, 6. Um motim impediu o funcionamento da Câmara dos Deputados por mais de 30 horas. 

Ele é alvo de representação que será analisada pelo Conselho de Ética e incluído na lista de parlamentares que podem ser suspensos pelo motim. Pollon e o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) foram os últimos a deixar a Mesa Diretora. 

“Estão dizendo que ele (Marcel) sentou na cadeira do Hugo Motta e que me incentivou a ficar lá. Isso é mentira. Olhem as imagens. Eu sou autista e não estava entendendo o que estava acontecendo ali naquele momento”, declarou.

O vídeo divulgado por Pollon mostra um momento anterior em que ele diz ao colega do Novo: “Eu não entendi. Não vou sair”. Segundo o parlamentar, pediu que Van Hattem o acompanhasse para orientá-lo. “E eu sentei na cadeira do Hugo Motta e ele sentou ao meu lado pois é uma pessoa que eu confio. Falei: ‘Me orienta, pois pelo que combinamos haveria um rito para a desocupação do espaço e esse combinado não foi cumprido. Nós iríamos descer antes que o presidente subisse’”, afirmou.

Pollon reforçou que “Marcel estava lá como uma pessoa para dar suporte para um autista”, mas admitiu que havia um acordo para não desocupar o espaço sem uma resposta ao pedido de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. “Várias vezes, pelo vídeo que eu fiz, você pode ver eu falando que não estava entendendo e que só sairia dali quando tivéssemos uma resposta positiva para as vítimas do 8 de janeiro”, disse.

A justificativa de Pollon surge dias após ele ter chamado o presidente da Câmara de “bosta” e “baixinho de um metro e sessenta” durante manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Mato Grosso do Sul.

Após repercussão, o deputado disse nas redes sociais que não usou o autismo para justificar a ação e que “usar minha condição de autismo para me atacar demonstra capacitismo”. 

Hugo Motta decidiu indicar a suspensão de mandato, por até seis meses, para Pollon, Van Hattem, Zé Trovão (PL-SC) e Júlia Zanatta (PL-SC). A deputada Camila Jara (PT-MS) também pode ser punida, mas em outro processo, relativo a um episódio distinto. Segundo apuração do Estadão, outros parlamentares envolvidos devem receber apenas advertência.

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