Curvo o cabeça e pergunto: sorte, felicidade, dinheiro e dor no amor? Um italiano, ao levar a namorada para jantar em um famoso restaurante de seu país, encontrou cinco pérolas dentro de uma das ostras que encomendara para a romântica noite. Ao ler a notícia pensei em dois lados. Primeiro: o que o casal pode fazer com essas pérolas. O jornal Corriere del Mezzogiorno disse que cada pérola pode valer até R$ 5 mil (cerca de 2 mil euros), afinal, os valores são variáveis, pois depende da “qualidade” – a publicação usou exatamente este termo. Cor e tamanhos são levados em conta na hora da mercancia.
Segundo: pensei na própria pérola e lembrei-me do escritor Rubem Alves, por quem eu tinha/tenho apreço: “Ostra feliz não faz pérola”. Lembrei excessivamente que as pérolas nascem depois que corpos estranhos, como grãos de areia, invadem o organismo das ostras e num gesto digno de evitar a permanência, a própria ostra e a natureza acabam transformando a incômoda dor em uma pérola.
Por trás do que me vinha também enumerei suposições e os motivos que levaram que aqueles dois estivessem sentados um frente ao outro, cruzados naquele restaurante, com os braços sobre toalhas bejes e o corpo sobre cadeiras rústicas. Talvez rissem e bebessem vinho; talvez ela estivesse com um esmalte escarlate, ele a rigor, conjunto de calça e paletó; talvez, depois dali, fossem para um quarto.
Então continuei: diante do jantar do casal lembrei-me da consternação da ostra. Da dor pode surgir uma pérola que vai envolver o pescoço de vossa amada. De um gesto simples, como o convite para um jantar romântico, pode vir uma surpresa, como a sorte em encontrar pequenas valiosidades. De um gesto simples, como o convite para um jantar romântico, pode fazer com que pensemos que sorte, felicidade, dinheiro e dor caminhem juntos com o amor.
Aceita jantar comigo?
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