Associação está sem dinheiro para pagar corpo de servidores e outras contas, como energia e água. Alternativa para arrecadar é a promoção de eventos

Presidente Ana Maria Motta relata que o ideal seria receber parcela em janeiro. Foto: Marcello Dantas/Jornal Opção Online
Presidente Ana Maria Motta relata que o ideal seria receber parcela em janeiro. Foto: Marcello Dantas/Jornal Opção Online

A marola da crise financeira da Prefeitura de Goiânia chegou à Associação Down de Goiás (Asdown), entidade sem fins lucrativos que congrega pais e familiares de pessoas com a síndrome de Down. A presidente, Ana Maria Motta, reclama que a administração municipal não repassa recursos desde janeiro deste ano e que corre o risco de ser despejada do imóvel onde está instalada a sede. A ordem de despejo já foi encaminhada.

Ressaltando que a instituição é parceira da prefeitura, ela explica que a cada ano são transferidas três parcelas de R$ 18 mil, sendo que a primeira –– que deveria ser paga em janeiro –– é feita normalmente em abril ou março. As outras viriam no meio e no final do ano. “O ideal seria receber em janeiro, mas sempre recebemos no terceiro ou quarto mês. Mas a prefeitura disse que se tiver dinheiro, o valor será repassado somente no fim de julho”, relatou. A dirigente explicou ao Jornal Opção Online que o dinheiro não tem destinação específica e depende de cada plano de ação.

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A primeira parte seria dedicada ao pagamento de contas de aluguel, corpo de funcionários (formada por uma assistente social, uma secretária e um contador), além de água, luz e telefone. A Asdown fica na Rua 91, número 113, no Setor Sul, em Goiânia. “Como a gente, a dona da casa alugada precisa do dinheiro, pois é uma senhora de idade”, justifica, complementando que só não foram despejados porque a proprietária está sendo paciente. Ana Maria Motta alertou que não será possível colocar em dia os vencimentos mesmo recebendo as duas primeiras quantias de uma vez.

Na manhã da última quarta-feira (2), quando o secretário de Finanças da prefeitura, Jeovalter Correia, concedia coletiva sobre o balanço final de programa que visa arrecadar dinheiro para o caixa da gestão, Ana Maria Motta estava em frente ao Paço Municipal protestando contra a situação, com poucas pessoas.

Responsável por fazer o repasse, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) afirmou que o processo para o pagamento está concluído, mas falta dinheiro no caixa da prefeitura. A pasta ainda explicou que há dois tipos de repasses: um do município e outro feito por parte do governo federal, em convênio com as associações. No entanto, a Asdown não se encaixa no último perfil.

Outros custos foram listados pela entidade, como transporte, alimentação e projetos sociais. Cerca de 200 pessoas são auxiliadas e não existe limite de idade. Entre as iniciativas estão os Paraolímpicos do Futuro, desenvolvido no Clube de Engenharia de Goiás (Ceng), e duas parcerias com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

Foto mostra projeto que estimula a leitura com especiais. Foto: Divulgação/Asdown
Foto mostra projeto que estimula a leitura com especiais. Foto: Divulgação/Asdown

Aluguel

A presidente indicou que a solução para o impasse do aluguel seria a construção da sede própria, o que vem sendo tratado desde 2008. Um processo para a análise da proposta foi aberto em janeiro de 2010 na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semdus) e está no departamento de topografia. O novo local seria instalado na Rua 14 com a 14, no Setor Aeroviário, e teve aval do governo estadual.

O diretor de Ordenamento Sustentável e de Ocupação de Solo da Semdus, Celeocy Borges Cotrim, pontuou à reportagem nesta quinta-feira (3) que a área é pública municipal e que a documentação teve diversos trâmites. Atualmente, está sendo feito o memorial descritivo e os croquis apontando a delimitação e localização do prédio a ser feito no espaço, que tem cerca 11 mil metros quadrados. Tal fase deve ser concluída em 40 dias e está dentro do prazo definido por lei.

Fontes alternativas

Ana Maria Motta reconhece que a associação deveria ter fontes diferentes de recursos para evitar que os atendidos passem por esse tipo de situação. “Temos poucas doações feitas por poucos pais”, contabiliza. A presidente lembrou que realiza eventos para arrecadar dinheiro e que o governo não ajuda financeiramente.

No próximo sábado (5), será promovida uma festa junina na calçada da sede, com entrada gratuita, a partir das 10h. Serão vendidos caldos, cachorro quente, almoço, espeto, pamonha e canjica. No próximo dia 19, às 18h, terá uma galinhada no Ceng, no Setor Marista, com ingressos a R$ 30 –– o que garante o consumo da comida.