Anúncio do corte foi feito no Dia do Estudante e acabou cancelando o resultado final dos editais de iniciação científica e tecnológica da instituição

Foto: Reprodução/ Site UEG
Universidade garante que política de incentivo à criação de conhecimento irá minimizar impactos da medida | Foto: Reprodução/ Site UEG

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou na última quinta-feira (11/8) um corte de 20% das bolsas de iniciação científica em todo o país. O impacto da medida anunciada pelo governo começa a ser sentido na Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Já na quinta-feira, após o anúncio do corte das bolsas, o resultado final dos editais de Iniciação Científica e Tecnológica de 2016 que havia sido divulgado pela UEG foi cancelado e terá novo resultado, que deve ser divulgado. A nota que informa o cancelamento está disponível no site da instituição e explica que os cortes afetam diretamente o resultado dos editais, “por isso a necessidade de cancelamento”.

Das 61 bolsas financiadas pelo CNPq para a UEG, foram perdidas 13 – aproximadamente 21% – entre iniciação científica, iniciação científica de ações afirmativas e iniciação tecnológica. A instituição lamentou o ocorrido “por entender que todos os recursos são importantes para o incremento no campo da pesquisa”.

De acordo com o CNPq, a concessão de bolsas teve que ser revista em consideração ao “contexto orçamentário atual e a indicação para 2017 de redução do orçamento do CNPq”. O conselho também afirmou que bolsas adicionais poderão ser concedidas havendo incremento orçamentário.

Estudantes

A estudante do sexto período do curso de Cinema e Audiovisual da UEG Ana Paula Akino foi bolsista do CNPq no ano passado e, neste ano, tinha sido aceita em uma categoria de iniciação científica da própria UEG. Porém como a universidade cancelou o resultado dos editais após o corte do CNPq, a aluna diz não saber como fica sua situação.

“Com o corte do CNPq, a UEG cancelou o resultado porque isso alteraria tudo. Ainda não deram um parecer sobre como vão prosseguir as coisas, mas é evidente o quanto isso foi desanimador”, explicou. Ana Paula lembrou ainda que pesquisa é um trabalho e merece ser tratado como tal.

No caso da aluna de Cinema e Audiovisual, fazer parte da iniciação científica foi o que a estimulou a seguir uma vida na Academia, já que a pesquisa desenvolvida poderia ser aproveitada para o Trabalho de Conclusão de Curso e até para um mestrado. “Cortar verba de pesquisa é o mesmo que impossibilitar e desanimar os estudantes de graduação a se engajarem nas mesmas”, declarou.

Ana Paula também ressaltou que muitas vezes o dinheiro da bolsa é essencial. Os pesquisadores têm que manter uma dedicação muito grande e o dinheiro acaba se tornando uma das únicas fontes de renda. “Eu me mantinha durante a graduação com o dinheiro da bolsa. Minha companheira no projeto, que está no fim do curso, é de outra cidade e o dinheiro que ela recebia da iniciação científica era uma forma de se sustentar numa cidade longe dos pais”.

“Inclusive seria cômico, se não fosse trágico, tal corte ocorrer no dia dos estudantes”, pontuou, lembrando que o corte foi anunciado justamente no dia 11 de agosto, o Dia do Estudante.

Diminuir impactos

Em nota ao Jornal Opção, a UEG ressaltou que apesar do corte do CNPq, a universidade continua investindo em pesquisas. A instituição afirmou conseguir manter com recursos próprios 233 bolsas, sendo 202 de iniciação científica e 31 de iniciação tecnológica.

Além disso, a Universidade destacou as políticas de incentivo à pesquisa do Governo de Goiás, importantes para a minimizar os impactos dos cortes para a ciência no Estado.

Confira a nota da UEG na íntegra:

A Universidade Estadual de Goiás (UEG) lamenta o corte de 20% no financiamento das bolsas do CNPq, por entender que todos os recursos são importantes para o incremento no campo da pesquisa. A própria UEG acabou perdendo 13 das 61 bolsas financiadas pelo CNPq, entre iniciação científica, iniciação científica de ações afirmativas e iniciação tecnológica.

No entanto, ressalta que o esforço para manter sua política de incentivo à criação de conhecimento conseguirá minimizar os impactos dessa triste notícia para a ciência brasileira. Também lembra que somente este ano está investindo mais de R$ 7 milhões de seu orçamento no financiamento de pesquisas. Esses recursos permitem que a Universidade mantenha, com recursos próprios, 233 bolsas, das quais 202 de iniciação científica e outras 31 de iniciação tecnológica.

Em 2015, a UEG já havia concedido outras 230 bolsas com recursos próprios. No mesmo ano, o CNPq financiou 74.

A preocupação da UEG em manter atuante seus instrumentos de pesquisa científica está em sintonia com as políticas de incentivo à pesquisa e inovação do Governo de Goiás, com destaque para os programas Inova Goiás e Goiás Sem Fronteiras.