Conversas mostram que Dominghetti negociava muito mais que vacinas contra a Covid-19
02 agosto 2021 às 09h03
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A troca de mensagens eram feitas pelo WhatsApp e Skype, em diálogos privados e em grupos temáticos criados para tratativas específicas de produtos ou serviços
Segundo reportagem do Uol, mensagens no celular do policial militar mineiro Luiz Paulo Dominghetti mostram que ele negociava muito mais do que vacinas com o Ministério da Saúde. Conversas mostram que ele atuava em conjunto com outros intermediários na oferta de medicamentos, equipamentos hospitalares, peixes, esmeraldas e até nióbio.
Após coleta de dados feita pela CPI da Covid, os diálogos apontam que a margem de lucro da rede de intermediação era dividida entre os participantes por meio de percentuais de “comissionamento”. A troca de mensagens eram feitas pelo WhatsApp e Skype, em diálogos privados e em grupos temáticos criados para tratativas específicas de produtos ou serviços. Em cada negociação, o policial e os parceiros estipulavam o valor que seria cobrado acima do preço original.
Venda de vacinas e muito mais
Com intuito de vender a vacina AstraZeneca para o Ministério da Saúde, o grupo de negociantes planejava inserir um “over” de cerca de 2% sobre o valor de US$ 7, ou seja, custo para duas doses do imunizante. De acordo com os cálculos feitos nos diálogos do grupo, havia expectativa de gerar uma comissão de R$ 18 mil para cada 1 milhão de unidades comercializadas. Porém, Dominghetti descobriu que não seria possível aplicar o percentual de sobrepreço nas negociações com o Ministério da Saúde, supostamente devido a vetos impostos pela Davati e pela AstraZeneca. (Com informações do Uol).
Ainda segundo as mensagens no celular de Dominghetti os intermediários utilizavam empresas como “barriga de aluguel”. Na prática, os intermediários usavam a empresa de um terceiro, não necessariamente envolvido na negociação, mas com o consentimento e algum lucro, para conseguir concretizar a venda.
As negociações iam além, sobre remédios como amoxicilina e diazepam, quanto outros de uso mais restrito ao ambiente hospitalar, como propofol e polimixina B. Além de ivermectina e hidroxicloroquina. As conversas levavam ainda a aquisição de respiradores, luvas, máscaras e aventais. As vendas eram combinadas até mesmo para o exterior.
E não para por aí. As negociações incluíam a revenda de esmeraldas e diamantes. Há mensagens que indicam a negociação de pedras preciosas em troca de aeronaves e frigoríficos para terceiros. Até para tentar vender 25 toneladas de nióbio, que é um mineral usado em ligas, principalmente em aço, Dominghetti é procurado e busca um comprador. Porém, parece não ter obtido sucesso.
*Com informações do UOL