“Se o erro de concordância em Ibrahim Sued faz parte do estilo, o estilo está correto”, disse o filólogo e dicionarista Antônio Houaiss, tradutor do romance “Ulisses”, de James Joyce.

O maior filólogo do Brasil falando sobre o maior colunista social do Brasil. Ibrahim Sued era muito criticado por causa dos erros de português, mas Antônio Houaiss dizia que o erro dele era a língua portuguesa viva, pois era um estilo utilizado. Ibrahim trabalhou no jornal “O Globo” de 1954 até 1995, ano de sua morte. Ele foi referência para Ricardo Boechat e Ancelmo Gois.

Ibrahim Sued e John Kennedy: contatos com famosos de todo o mundo | Foto: Reprodução

Ibrahim Sued nasceu em 23 de junho de 1924 e as festas do seu aniversário deveriam ser um acontecimento no Rio de Janeiro, à beira da piscina do hotel Copacabana Palace. Na comemoração dos 30 anos de coluna, ele fez uma grande comemoração no hotel mais chique da cidade com a participação de Martha Rocha, Roberto Marinho e do ex-presidente Emílio Médici.

O jornalista conversava com todo mundo, do Brasil e do exterior, como o presidente John Kennedy, dos Estados Unidos. Ao lado de Zózimo Barroso do Amaral, praticamente fundou o colunismo social como reportagem, pois, para além da fofoca sobre ricos e famosos, dava informações relevantes para o país.

Ibrahim Sued: colunista social com pinta de gala | Foto: Reprodução

O colunista Ibrahim Sued não atuou apenas na imprensa escrita. Ele também aparecia na televisão desde os anos 1950. Mas foi na década de 1970 que seu destaque na telinha aumentou quando ganhou um quadro no “Fantástico” entrevistando artistas e playboys. Ele popularizou expressões como “Panteras e panterinhas”, “E ademã que eu vou em frente” e “Sorry, periferia”.

Ibrahim Sued morreu em 1º de outubro de 1995, aos 71 anos. Como se disse na época, ainda era um “jovem”.

Detalhe 1 — Elio Gaspari

Elio Gaspari, o célebre editor da “Veja” e hoje colunista da “Folha de S. Paulo”, além de autor de livros sobre a ditadura civil-militar, trabalhou como repórter da coluna de Ibrahim, o Grande Sued. Era um misto de repórter e copidesque.

Detalhe 2 — Eisenhower e Mangabeira

Dwight D. Eisenhower e Otávio Mangabeira: afinal, o político brasileiro beijou ou não a mão do general americano? | Foto: Reprodução

Ao cobrir a visita do general Dwight D. Eisenhower ao Brasil, Ibrahim Sued fotografou Otávio Mangabeira de um ângulo que parecia que o político brasileiro estava beijando a mão do americano. A foto criou a imagem de que o político baiano e o Brasil eram servis aos Estados Unidos. A imprensa deitou e rolou.