A confusa aliança levada ao PMDB pode afundar a ideia do PT de eleger outro poste
31 maio 2014 às 11h22
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O risco de excesso de crescimento de Paulo Skaf como candidato do PMDB ao governo de São Paulo é uma coisa complicada que o PT gostaria de dominar. O empresário Skaf teria de superar a reeleição do tucano Geraldo Alckmin a governador. Mas sem impedir a presença de Padilha no segundo turno.
E Padilha cresceria o suficiente para afastar Alckmin da disputa e ao mesmo tempo poupar Skaf? Se isso fosse possível, quem chegaria em primeiro ao novo turno, Skaf ou Padilha? Se fosse o empresário, seria ele o favorito na disputa, provavelmente com apoio do PSDB de Alckmin.
Na dúvida, há líderes no PT paulista que acham mais seguro esvaziar Skaf para evitar que ele cresça como opção ao PSDB. Mas Lula parece navegar em outra direção, a de dar força maior a Skaf como se o ex-presidente não acreditasse tanto assim em Padilha, com quem, aliás, deixou de excursionar pelo interior paulista. Passou a dar prioridade a Dilma com suas dificuldades.
Ainda na segunda-feira, véspera do jantar de Dilma com o PMDB em Brasília, Lula conversou com Michel Temer, em São Paulo, e pediu que os peemedebistas insistissem numa aliança com o PSD que tenha Henrique Meirelles como candidato ao Senado. Com isso, o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab teria de apoiar Skaf.
O que o chefe Kassab prefere para o PSD? Ter ele próprio como candidato a vice-governador de Alckmin ou levar Meirelles ao Senado conduzido pelo PMDB? Temer indica não ter tanta paciência assim para conversar com Kassab. E Lula, já tentou convencer Kassab a apoiar Skaf e oferecer Meirelles como reforço à chapa peemedebista? Temer convenceria Kassab?
Três dias depois da conversa entre Lula e Temer, Meirelles entregou uma carta pessoal a Kassab. Era a desistência de candidatura a senador pelo PSD de ambos. Ao desistir, Meirelles favorece a adesão de Kassab à chapa do PSDB como vice de Alckmin. Os tucanos não aceitariam que o PSD acumulasse as candidaturas a vice e senador.
É possível que Lula e Dilma tentem iludir o PMDB com propostas para a sucessão em São Paulo. A dupla fala pelo PT, mas a sucessora às vezes avança por conta própria. Mesmo porque o ex-presidente não está tão presente fisicamente na reeleição. Ao contrário da participação intensa que como ambos encenaram quando Lula veio a Brasília no começo de março.
Na época, o ex levou ao Palácio da Alvorada o comando petista da campanha pela reeleição. Juntos, todos celebraram uma aliança entre eles selada com aquela fotografia da troca de punhos entre o ex e a sucessora. Em três meses, não houve outra celebração semelhante, mesmo quando a candidata desceu nas pesquisas.
O discurso de Dilma, de terça-feira perante os líderes peemedebista, pode ser mais um caso de avanço solitário da candidata. Seria complicado para o ex-presidente negociar algo que pudesse afastar Padilha da disputa paulista. É verdade que Lula sugeriu a Temer fórmulas para fortalecer a candidatura de Skaf, mas foi papo mano a mano. Entre os dois.
Dilma discursou para uma mesa peemedebista e sugeriu com ênfase a importância da presença do PMDB na disputa final pelo governo paulista, como se o mais importante fosse a derrota tucana. Não seria fácil para Lula admitir a falência do projeto de seu projeto pessoal de eleger candidatos que são postes desconhecidos dos eleitores.
Ocorreu com a eleição de Dilma há quatro anos. Deu certo. Mas a reeleição não está tão fácil. Há um ano e meio, Lula elegeu o ex-ministro Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. Hoje, a falta de popularidade e habilidade política de Haddad sugere ao PT afastá-lo de Padilha para não contaminar.