Condenado pela morte do pai e madrasta, Gil Rugai é liberado da prisão após 11 anos encarcerado
15 agosto 2024 às 15h34
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A Justiça de São Paulo concedeu progressão para o regime aberto a Gil Rugai, condenado a mais de 30 anos pelo assassinato do pai e da madrasta, em 2004. Hoje, com 40 anos, Gil Rugai será monitorado por tornozeleira eletrônica e deverá seguir uma série de medidas cautelares, como comparecimento trimestral à Vara de Execuções Criminais, obtenção de ocupação lícita em até 90 dias e permanência em sua residência durante finais de semana, feriado e no período noturno.
O caso de Gil Rugai se tornou emblemático, rendendo inclusive séries documentais e livros sobre o crime. O crime ocorreu em 28 de março de 2004, quando Luiz Carlos Rugai e Alessandra Troitino foram encontrados mortos a tiros na sede da agência de publicidade da família, localizada na casa onde moravam, em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo. Gil Rugai, então com 20 anos, foi acusado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de ter cometido os homicídios após seu pai descobrir que ele estava desviando dinheiro da empresa. Rugai sempre negou as acusações.
Em 2013, Gil Rugai foi condenado pelo Tribunal do Júri a 33 anos e nove meses de prisão, e em 2020, o Supremo Tribunal Federal manteve a condenação, tornando-a definitiva.
Livro de perito defende inocência de Rugai
No livro “O Brasil na Fita”, o perito Ricardo Molina defende a inocência de Gil Rugai, condenado pelo assassinato de seu pai, Luiz Carlos Rugai, e da companheira deste, Alessandra Troitino. Molina, contratado pela defesa, argumenta que não há provas válidas contra Gil e que o processo está repleto de falhas. Segundo ele, a condenação foi influenciada pela mídia e pela pressão social por punição, e não pela busca da justiça. O capítulo do livro foi analisado pelo Jornal Opção em 2016.
Molina desmonta os quatro pilares da acusação: motivo, testemunha, arma e marca na porta. O suposto motivo do crime seria um desvio de dinheiro por Gil, mas o contador da empresa negou a existência do desfalque. Além disso, uma briga entre pai e filho, alegada por uma testemunha, foi desmentida por registros telefônicos que colocam Gil em outro local no momento.
A testemunha chave, o vigia Domingos Ramos, inicialmente afirmou não ter visto nada, mas mudou seu depoimento após um incêndio suspeito em sua guarita. Molina questiona a credibilidade desse testemunho, apontando inconsistências e possíveis coações policiais. Além disso, a arma do crime, encontrada no prédio onde Gil tinha um escritório, teria sido plantada, já que a limpeza da área onde foi achada ocorreu meses antes, e Gil estava preso no período.
Por fim, Molina critica o laudo que associou uma marca de solado na porta arrombada ao sapato de Gil Rugai, apontando erros técnicos, como a comparação entre o pé direito e o solado do sapato esquerdo. Segundo ele, a acusação não conseguiu sustentar suas provas e baseou-se em suposições frágeis, levando à condenação de Gil Rugai sem evidências concretas.
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