Começam os trabalhos de instrução criminal da Operação Monte Carlo
19 maio 2014 às 19h20
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Nesta primeira etapa, que vai até sexta-feira, devem ser ouvidas mais de 200 testemunhas
Os trabalhos da instrução criminal do caso Cachoeira, resultante das investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, tiveram início na tarde desta segunda-feira (19/5) e devem seguir até a próxima sexta-feira (23/5). A expectativa é que mais de 200 testemunhas sejam ouvidas nesta etapa.
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Na próxima semana, a partir do dia 26, os 50 envolvidos nas investigações da Operação Monte Carlo citados na instrução serão ouvidos. “Nesta semana, os réus não têm voz. O interrogatório será apenas semana que vem”, explicou o juiz federal substituto Francisco Vieira Neto, da 11ª Vara Federal de Goiás, ao dar início aos trabalhos desta segunda-feira.
Compareceram a esta primeira audiência os réus Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado do empresário Carlos Augusto Ramos (Carlinhos Cachoeira), o coronel Sérgio Katayama, o major Antonil Ferreira, dentre outros.
Uma das primeiras testemunhas ouvidas na audiência foi o agente da Polícia Federal, Renato Moreira Peixoto, que participou de diligências da Operação Monte Carlo. Questionado pelo juiz se saberia classificar o vínculo dos policiais envolvidos no esquema com a cúpula da quadrilha, Renato afirmou que o coronel Katayama “seria uma pessoa com tratamento diferenciado devido ao cargo de chefia dentro da corporação”.
Em contrapartida, o tenente-coronel Laércio dos Santos, em depoimento, destacou a honestidade presenciada por ele em relação a Katayama e também ao major Antonil. Laércio trabalhou no serviço de inteligência da PM durante um ano e três meses e durante este período, segundo ele, não foi possível identificar as ações da associação criminosa comandada por Cachoeira.
Durante os depoimentos também foi discutida a existência do documento, de autoria da então Secretaria de Segurança Pública (SSP), que coibia a atuação de PMs no combate à contravenção no Entorno do Distrito Federal. “Dizia-se que a Polícia Militar deveria seguir sua atividade de polícia ostensiva, e o combate ao jogo de azar seria uma atividade que demandava investigação”, explicou Laércio dos Santos.
Nesta primeira audiência foi ouvida ainda a vizinha dos pais do réu Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado de Carlinhos Cachoeira e suposto laranja do contraventor. A testemunha afirmou desconhecer qualquer envolvimento, que não de convívio familiar, entre os réus. A mulher destacou durante seu depoimento a conduta de Adriano e o seu empenho à frente do laboratório farmacêutico Vitapan, em Anápolis. A resposta foi uma justificativa ao fato de a empresa, que começou com uma estrutura mínima, chegar ao montante de R$ 100 mil referente ao seu valor de mercado.
Adriano Aprígio chegou a ser preso no início de 2012 acusado de ter enviado e-mails com ameaças para a procuradora da República Léa Batista de Oliveira, uma das responsáveis pela deflagração da Operação Monte Carlo.