Base governista de Goiás manda 13 deputados federais para Brasília e oposição apenas quatro
05 outubro 2014 às 21h29

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Na votação da Câmara Federal deste ano, duas surpresas: a eleição esmagadora do tucano Waldir Soares — chamado delegado Waldir; e a derrota da candidata mais votada das eleições passadas, Iris Araújo (PMDB), prejudicada pelas candidaturas de Daniel Vilela (PMDB) — segundo deputado federal mais votado — e Lucas Vergílio (SD), eleito pelos votos de legenda.
A base do governador Marconi, muito devido aos 274.493 votos do delegado Waldir, elegeu 13 dos 17 deputados federais de Goiás. Além de Waldir, foram eleitos, por ordem de votação: Flávia Morais (PDT), Giuseppe Vecci (PSDB), Magda Mofatto (PR), Célio Silveira (PSDB), Alexandre Baldy (PSDB), João Campos (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Marcos Abrão (PPS), Heuler Cruvinel (PSD), Roberto Balestra (PP), Fábio Sousa (PSDB) e Thiago Peixoto (PSD).
A coligação de Iris Rezende (PMDB) elegeu três: Daniel Vilela, Lucas Vergílio e Pedro Chaves, candidato eleito menos votado (77.877 votos). O PT, que cogitava eleger dois, só conseguiu manter Rubens Otoni, que foi o sexto mais votado, com 115.874 votos — nas eleições passadas, Otoni foi o segundo mais votado, com 171.382 votos. Edward Madureira (PT) obteve 58.865 votos e Olavo Noleto (PT), 35.923.
Os quatro mais votados foram:
Waldir Soares (PSDB)
Casado e pai de três filhos, o paranaense Waldir Soares tem, atualmente, mais do que o título de cidadão honorário goianiense: é, hoje, o deputado eleito com maior votação do Estado (274.625). Ele veio para Goiás em 1999 e logo ganhou espaço tendo como porta de entrada no Estado seu trabalho como delegado da Polícia Civil. Polêmico, Waldir tem forte ligação com a periferia e se considera um “homem do povo”.
Sobre o resultado: uma surpresa. As lideranças políticas contavam, até aqui, com a eleição de Waldir, mas não que fosse o mais votado. Sua eleição, diziam os líderes, era pelo fato de que, filiado no PSDB em 2009 para disputar uma cadeira na Câmara Federal, o estreante conseguiu mais de 40 mil votos, o que o deixou como suplente. Nessas condições, o delegado chegou a assumir o mandato e, mesmo que tenha ficado por um breve período, apresentou projetos na Casa. Além disso, o delegado tem uma forte participação nas redes sociais. Apenas no Facebook, sua página tem mais de 320 mil curtidas, mais do que todos os candidatos ao governo o Estado neste ano. Eleito deputado federal, Waldir promete ser polêmico e atuar, sobretudo, na área da segurança pública.
Daniel Vilela (PMDB)
O segundo deputado federal mais votado por Goiás foi Daniel Vilela (PMDB). Nascido em Jataí, o político fará 32 anos no próximo dia 23 e entra na Câmara Federal como um dos parlamentares mais jovens do País. Em 2009, formou-se em Direito e no mesmo ano deu início à sua carreira político-eletiva como vereador de Goiânia, obtendo, naquelas eleições, 8.380 votos. Em 2010, disputou vaga na Assembleia Legislativa e, novamente, foi eleito, com 36.382 votos. Agora, se elege com 179.214 votos e sai dessas eleições como o mais forte nome do PMDB goiano, podendo visar novos projetos, em 2016 ou 2018.
Sobre o resultado: já era esperado. O peemedebista era cogitado, por lideranças de todos os partidos, para ser o mais votado. A especulação que quase virou verdade se dá por alguns motivos: na campanha, além do apoio da força eleitoral do pai, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB) e da experiência de seu coordenador de campanha, o primo e deputado federal Leandro Vilela (PMDB), Daniel contou também com um forte apoio financeiro, o que lhe garantiu presença em todas as regiões do Estado. O peemedebista fez uma das campanhas mais organizadas das eleições proporcionais.
Flávia Morais (PDT)
Mineira de Belo Horizonte, Flávia Morais foi candidata à reeleição nas eleições deste ano por Goiás. Em 2010, obteve 152.553 votos, sendo a quarta mais votada naquelas eleições. Neste ano, ela teve 159.122 votos, sendo a terceira mais votada.
Sobre o resultado: esperava-se que a candidata do PDT fosse bem votada, dada sua capilaridade eleitoral. Da base do governador Marconi Perillo (PSDB), o partido do qual Flávia é líder, o PDT, chegou a cogitar não apoiar o governador. Contudo, decidiu pelo apoio à base devido à estrutura de campanha. Assim, mais uma vez, Flávia vai à Câmara e se cacifa a ser parte importante do possível novo mandato do tucano em Goiás.
Giuseppe Vecci (PSDB)
Em quarto lugar veio o tucano Giuseppe Vecci, que, aos 57 anos, conseguiu 120.283 votos. Vecci é economista, especialista em planejamento estratégico. O ex-secretário de planejamento é visto como um técnico e um político qualificado, visto que a ele se atribui a modernidade usada como bandeira de campanha à reeleição do governador Marconi Perillo (PSDB) nesta campanha. Este é o primeiro cargo eletivo disputado por Vecci, mas ele já está na política há algum tempo: foi secretário de Planejamento nos governos Henrique Santillo (PMDB) e Marconi Perillo (PSDB) — no primeiro e no último; no segundo governo Marconi assumiu a secretaria da Fazenda.
Sobre o resultado: Vecci era apontado como um dos grandes favoritos, pois contou com o apoio da máquina governista e com o cacife eleitoral do próprio governador Marconi, que acompanhou de perto seu desenvolvimento eleitoral. O fato de ter pertencido ao primeiro escalão do governo também contribuiu para que Vecci estivesse entre os primeiros nomes, uma vez que sua atuação à frente da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) lhe deu certa visibilidade em muitos dos municípios goianos.