Com #MeuAmigoSecreto, mulheres usam as redes para denunciar machismo
25 novembro 2015 às 16h41
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Posts fazem alusão à tradicional brincadeira para mandar “indiretas” a homens com atitudes machistas, inclusive os que teoricamente defendem o feminismo
Sarah Teófilo e Bruna Aidar
Com o debate acerca da liberdade feminina em alta e aproveitando o Dia de Luta Mundial Contra a Violência Contra as Mulheres, neste 25 de novembro, mais uma campanha feminista tomou conta das redes sociais nos últimos dias. Por meio da hashtag “Meu Amigo Secreto”, mulheres denunciam homens que ajudam a disseminar o machismo velado.
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O movimento usa a brincadeira Amigo Oculto, de troca de presentes, comum nas festas de fim de ano. Foi criada uma comunidade no Facebook com o mesmo nome, onde é postado depoimento de outras mulheres sobre seus “amigos secretos”.
Desde terça-feira (24), várias mulheres se juntaram à “brincadeira” e compartilharam as contradições de homens que se dizem defensores do feminismo mas tomam diversas atitudes machistas.
A ex-presidenciável Luciana Genro (Psol), por exemplo, criticou quem acha que violência doméstica é um mero desentendimento entre marido e mulher: “O #meuamigosecreto acha que ’em briga de marido e mulher não se mete a colher’!”.
Outra política a se manifestar foi a deputada Margarida Salomão (PT-MG), cujas “indiretas” se dirigiram ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). e ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ).
“#meuamigosecreto é autor de um projeto que restringe o atendimento as mulheres vítimas de violência sexual e criminaliza os profissionais de saúde que oferecem ajuda e informações para elas, um retrocesso gigante na luta pelos direitos das mulheres”, publicou ela em sua página no Facebook.
Um pouco depois, acrescentou: “#meuamigosecreto afirmou, no Congresso Nacional, que se uma parlamentar não fosse feia ele até a ‘estupraria’. Apesar de ter sido obrigado a pagar indenização por danos morais pela agressão, ele continua disseminando o ódio em seus discursos e ainda é um dos deputados mais votados do país”.
“Primeiro Assédio”
Recentemente, houve outra mobilização nas redes com a hashtag “Primeiro Assédio”, em que as mulheres contaram histórias de abusos sofridas ainda ainda na infância. O coletivo feminista Think Olga lançou a ideia e várias pessoas nas redes sociais entraram no movimento, que ficou entre os mais comentados do Twitter.
Confira as definições dos “amigos secretos” das mulheres que participam da campanha:
O #meuamigosecreto acha que "em briga de marido e mulher não se mete a colher"!
— Luciana Genro (@lucianagenro) November 24, 2015
https://twitter.com/giovannabolacha/status/669509503147220992
#meuamigosecreto diz q homem pode engordar e ficar desleixado, mas mulher tem uma grande responsabilidade com sua aparência
— Camila Fremder (@Cafremder) November 25, 2015
#meuamigosecreto segue e dá RT em perfis q sempre atacam mulheres, principalmente feministas.
— Lola Aronovich (@lolaescreva) November 24, 2015
#meuamigosecreto falou que eu não podia trabalhar de vestido pois "tirava a produtividade" da equipe
— Paula Buzzo 🇨🇦 (@paulabzo) November 25, 2015
#meuamigosecreto acha que se mulher não estiver sorrindo e solícita, está na tpm
∧_∧
(。・ω・。)
(o🎁o)
∪∪— Não Me Kahlo (@NAOKAHLO) November 25, 2015
#meuamigosecreto disse que parto normal deixa a ppk larga, que estraga o brinquedo do marido, que era melhor cesárea.
— carol rocha (@tchulim) November 25, 2015
#meuamigosecreto aplaude quando um cara diz coisas que estamos gritando há séculos, mas não fomos ouvidas.
— Sandy Quintans (@sandyquintans) November 25, 2015
@lolaescreva #meuamigosecreto um dia me disse " vc tirou a vaga de trabalho de um pai de família", por termos o mesmo cargo.
— Adriana (@mafalda_BSB) November 25, 2015