Descoberto em 2023 por observadores do Observatório Tsuchinshan, na China, e do sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) na África do Sul, o cometa Tsuchinshan-ATLAS já chamou atenção por sua origem distante e trajetória peculiar. O Clube de Astronomia do Instituto de Física (IF) da Universidade Federal de Goiás (UFG), capturou imagens do cometa seguindo em direção ao Sol. O registro astronômico ocorreu no dia 29 de setembro, por volta das 5h30.

Diferentemente de alguns cometas que não sobrevivem à proximidade com o Sol, desintegrando-se devido à radiação intensa, o Tsuchinshan-ATLAS manteve sua estrutura, o que o torna ainda mais interessante para estudos futuros.

Confira os registros:

De acordo com astrônomos, ele pode ter se originado na Nuvem de Oort, uma região esférica e cheia de detritos gelados que circunda o sistema solar a distâncias extremamente longas. Essa “nuvem” é considerada a casa de muitos cometas de órbita extensa que ocasionalmente são puxados para o sistema solar interno.

Aproximação

Quando o cometa se aproximou do Sol em 27 de setembro de 2024, iniciou-se um fenômeno fascinante: a cauda do cometa, formada pela sublimação de gases e partículas de poeira liberadas pelo aquecimento de seu núcleo, ficou visível. Astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) registraram imagens impressionantes da massa brilhante e das caudas do cometa, uma delas capturada em 19 de setembro. A imagem revela as duas caudas características: uma de poeira, que se curva ligeiramente, e outra de íons, que segue em um ângulo diferente devido à interação com o vento solar.

As observações do Tsuchinshan-ATLAS têm sido uma oportunidade valiosa para cientistas estudarem cometas. Eles fornecem pistas sobre as origens do sistema solar e a composição dos corpos celestes mais antigos. “A presença e a forma das caudas nos ajudam a entender como o Sol influencia esses corpos ao longo de suas órbitas”, comentou Bill Cooke, do Escritório de Meio Ambiente de Meteoróides da NASA. A análise dessas caudas ajuda a desvendar a dinâmica de interação entre o calor e a radiação solar e os elementos gasosos e sólidos presentes nos cometas.

Observação em Goiás

Os integrantes do Clube de Astronomia da UFG utilizaram um telescópio de 150 milímetros e uma câmera fotográfica Nikon D5100 para registrar a imagem do cometa, que estava visível na região leste e Goiás, pouco antes do amanhecer.

O registro é fruto de uma viagem a Alto Paraíso de Goiás, realizada para a prática da astrografia – uma técnica de captura de imagens de corpos celestes, como estrelas, planetas e cometas. Financiada pelas bolsas de Fomento Tecnológico e Extensão Inovadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a viagem teve como objetivo promover a divulgação científica por meio dessas imagens.

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