Clínica clandestina é fechada em Anápolis; 50 pessoas são resgatadas vítimas de maus-tratos e de tortura

30 agosto 2023 às 12h19

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Uma clínica clandestina foi fechada e cinco pessoas presas suspeitas de maus-tratos contra 50 internos, em Anápolis. Entre as vítimas, com idades entre 14 e 96 anos, estão usuários de drogas, deficientes e até autistas de diversos estados brasileiros. Os internos eram torturados e mantidos em cárcere privado em um ambiente insalubre, com alimentação precária, sem medicação e nenhum acompanhamento médico ou psicológico.
As vítimas foram levadas de forma ilegal e involuntária ao local, onde eram confinados mediante o pagamento de, no mínimo, um salário ( R$ 1.320) por mês, segundo o delegado Manoel Vanderic. Vários internos apresentavam lesões graves, desnutrição e confusão mental compatível com sedação. Um casal de pastores era proprietário do local, sendo que o homem está foragido desde a terça-feira, 29.
“A clínica não existe, não tem documentação legal. Essas pessoas eram submetidas a condições desumanas, de má alimentação e violência física. Eles tomavam banho de água fria e não podiam ligar para a família”, explicou Manoel.

Ainda de acordo com o investigador, a corporação chegou até o local após um idoso, de 96 anos, dar entrada no Hospital de Urgências de Anápolis com várias lesões no corpo, além de estar desnutrido, desidratado e com mal cheiro.
As vítimas foram acolhidas pelos serviços de saúde mental e assistência social da Prefeitura de Anápolis, onde passaram a madrugada desta quarta-feira, 30, recebendo alimentação, higiene e primeiros socorros no estádio da cidade, local em que foi montada uma força-tarefa para recebê-los.
Alguns precisaram de hospitalização e foram levados ao hospital pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os servidores também realizaram a identificação das vítimas e diligências para localizar familiares, já que muitos são de outros estados da federação.
“Os investigados já foram recolhidos na cadeia pública. Todos eles vão responder por maus-tratos, tortura qualificada e cárcere privado qualificado. As penas chegam a 20 anos”, concluiu o delegado.

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