Dois anos após a pandemia de Covid-19, que matou ao menos 7 milhões de pessoas em todo o mundo, cientistas começaram a especular qual será a próxima grande pandemia no mundo. O cientista americano Gavin A. Cloherty, um dos líderes na área de doenças infecciosas da Abbott, empresa global de saúde, acredita que a próxima pandemia se dará por conta do Picobirnavírus.

O vírus chama atenção da ciência mas, por ora, acredita-se que tudo esteja sob controle. O vírus foi identificado pela primeira vez no Brasil, em 1988, em amostras de fezes de ratos e de homens. A doença causa gastroenterites, soltando o intestino, causando, também, intensas dores de barriga.

O primeiro alarme por conta do vírus aconteceu após uma mutação em seu genoma e começou a causar síndrome respiratória aguda, sintoma similar ao da Covid-19. Ele foi detectado na Colômbia em amostras de pacientes internados com os sintomas nos pulmões entre 2016 e 2017.

“Isso nos deixou em alerta”, diz a cientista americana Mary Rodgers. “De lá para cá, encontramos casos no Camboja, na China e nos Estados Unidos. Os surtos se limitaram a um número reduzido de pessoas. No entanto, o fato de acontecerem em três continentes diferentes deixou clara a necessidade de termos um teste para flagrar o picobirnavírus depressa, caso ocorram surtos maiores um dia”, explicou ao UOL.

Segundo a cientista, existe um consenso na comunidade cientifica de que em uma nova pandemia pode ocorrer já nos próximos cinco anos ou, no máximo, 25 anos. Esses pesquisadores utilizam seus estudos como base para a previsão.

“Quando você pensa em surtos em grande escala, capazes de representar uma ameaça maior, acha que a causa será um agente infecioso novo ou mudanças no padrão de doenças já conhecidas?”, explicou. Alguns desses cientistas, no entanto, acreditam que a doença causadora da próxima pandemia possa ser totalmente nova.

O consenso, no entanto, é de que essa doença seja um vírus. Cerca de 94% dos cientista acreditam na hipótese. Segundo os cientistas, esses vírus são rápidos e se replicam dentro das células dos hospedeiros em ritmo acelerado. Com isso, ele se espalha pela população em grande velocidade, a exemplo da Covid-19.

Os pesquisadores também acreditam que essa pandemia será causada por outro vírus respiratório ou transmitido por gotículas de saliva que deixamos pelo ar. Uma parte desses cientista, no entanto, entendem que vírus transmitidos por animais ou insetos possam provocar uma nova pandemia.

“As mudanças no clima estão afetando os padrões das doenças infecciosas. Aquilo que achávamos que já sabíamos está se transformando continuamente”, afirma a doutora Mary Rodgers.

“Em todos os cantos, observamos o crescimento das doenças transmitidas por mosquitos”, continua. “Imagine que, aos pés de uma montanha, encontrávamos mosquitos transmissores de infecções. E vou lhe dizer: existem inúmeras espécies de mosquitos por aí! O aumento da temperatura, porém, faz com que consigam sobreviver em áreas mais altas, de modo que as pessoas morando no topo da tal montanha ficam expostas a agentes infecciosos com os quais seu organismo nunca teve contato. E é claro que estou falando em montanha, mas a mesma situação se repete em campos, florestas, nos mais diversos ecossistemas. Ela é real.”

A boa notícia é que 90% dos cientistas acreditam que a população está preparada para enfrentar uma nova pandemia. “É um alento”, suspira a doutora Mary Rodgers. “Mas devemos melhorar alguns aspectos, como os meus colegas também acusam na pesquisa.”

Leia também

Pesquisadores encontram gene que protege mulheres contra a Covid-19