Na manhã desta quinta-feira, 18, o Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), cumpriu uma nova medida judicial na Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), em Goiânia, como desdobramento da Operação Regra Três.

A ação resultou na apreensão de um aparelho celular encontrado em posse de um delegado de Polícia Civil preso preventivamente, apontado como líder da organização criminosa investigada desde agosto deste ano.

A diligência foi autorizada pela 1ª Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores da capital. Além da apreensão do dispositivo eletrônico, a Justiça também determinou a imediata transferência do custodiado para uma unidade prisional vinculada à Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), com o objetivo de interromper qualquer comunicação externa indevida.

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De acordo com o MPGO, a medida cautelar foi solicitada após novas investigações indicarem que o delegado, mesmo recolhido em uma unidade da própria Polícia Civil, estaria utilizando aparelho celular dentro do cárcere para manter contatos externos e praticar atividades irregulares.

Entre os indícios apurados pelo Gaeco estão cobranças incisivas feitas a ex-alunos de um instituto de ensino de propriedade do investigado, condutas consideradas incompatíveis com sua condição de preso preventivo.

As apurações também revelaram que, ainda em agosto, logo após a prisão do delegado, um aparelho celular já havia sido encontrado no local onde ele estava custodiado. No entanto, segundo o Ministério Público, essa ocorrência não foi oficialmente comunicada às autoridades responsáveis pela administração prisional nem às instâncias encarregadas da investigação, o que levantou suspeitas adicionais sobre falhas no controle do cumprimento da prisão.

Além disso, relatos mais recentes sobre o uso contínuo de celular dentro da cela foram confirmados por elementos colhidos em depoimentos e na coleta de dados realizada pelo Gaeco. As investigações indicam que o custodiado enviava mensagens de áudio e texto diretamente da unidade prisional e, em pelo menos uma dessas situações, chegou a utilizar nome falso para contatar uma ex-aluna, em clara violação às medidas judiciais impostas.

Diante da gravidade dos fatos, o Gaeco requereu à Justiça a realização de busca e apreensão no recinto carcerário, bem como a apreensão de quaisquer dispositivos eletrônicos em posse do acusado. O pedido também incluiu a transferência do delegado para o sistema prisional da DGAP, considerada necessária para garantir a cessação da comunicação externa, preservar a ordem pública e assegurar a regular instrução do processo criminal em curso.

O delegado de Polícia Civil responde, juntamente com outros investigados, por crimes de organização criminosa, peculato, contratação direta ilegal e lavagem de capitais. As acusações estão relacionadas a desvios de recursos públicos destinados a reformas escolares e a outros contratos estaduais. Segundo o Ministério Público, a Operação Regra Três segue em andamento, e novas diligências não estão descartadas à medida que as investigações avançam.

O que diz a Polícia Civil

A Polícia Civil de Goiás informa que não tinha conhecimento da permanência ou do uso de aparelho celular por custodiado na cela da Delegacia de Investigações de Homicídios, conforme fatos divulgados pelo Ministério Público do Estado de Goiás, por meio do Gaeco, no âmbito da Operação Regra Três.

Esclarece ainda que, em 25 de agosto do presente ano, o delegado titular da DIH apreendeu dois aparelhos celulares em posse de um outro preso custodiado e, de imediato, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou procedimento apuratório sobre esses fatos. Em 02 de outubro foi instaurado inquérito policial sobre esse fato e comunicado o Poder Judiciário e Ministério Público.

Ademais, em 27 de Novembro foi feita outra correição nas celas da Delegacia de Homicídios após as denúncias vinculadas nas mídias e, ao término do procedimento correicional, não foi encontrado nenhum aparelho eletrônico. Contudo, em 14 de novembro o custodiado foi transferido e isolado na carceragem da Delegacia Estadual de Capturas.

A Polícia Civil de Goiás reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e a observância rigorosa das normas que regem a guarda de presos, bem como com a apuração legal de quaisquer irregularidades, independentemente da condição funcional do investigado.

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