CEI da Saúde vai investigar “máfia do Samu”, informa presidente
04 novembro 2017 às 15h25

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Vereadores receberam a informação de que esquema alvo de operação do MP no ano passado ainda não teria sido extinto na corporação
A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga problemas na saúde pública da capital deve investigar também esquema de pagamento de propina a funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Goiânia (Samu). O esquema foi alvo da operação “SOS Samu” deflagrada pelo Ministério Público em junho do ano passado.
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Presidente da CEI, Clécio Alves (PMDB) informou ao Jornal Opção que irá pegar o processo referente a operação no Ministério Público e apurar se houve punição ao envolvidos e se as irregularidades continuam ou não acontecendo.
Vereadores teriam recebido a informação de que as práticas para fraudar a regulação de acesso aos leitos de UTI teriam sido mantidas na capital e de que nenhum dos investigados no caso teriam sido, de fato, punidos.
O esquema
Em junho do ano passado, operação do MP revelou esquema de pagamento de propina a alguns funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Goiânia (Samu) – condutores socorristas, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos – para que estes direcionassem pacientes atendidos pelo Atendimento de Urgência, que possuíssem planos de saúde, a determinadas UTIs, fraudando a respectiva regulação do acesso aos leitos de UTI.
O pagamento da propina a alguns funcionários do Samu foi realizado por médicos, por responsáveis e proprietários de UTIs.
Segundo o Ministério Público, o esquema funcionava assim: feito o atendimento de urgência pelo Samu, por condutor socorrista ou técnico de enfermagem, era contatada a regulação de vagas do acesso aos leitos de UTI, cabendo a esta determinar o encaminhamento do paciente para algum hospital vinculado ao SUS, de acordo com a regulação de vagas. Entretanto, os investigados estavam fraudando tal procedimento de atendimento de pacientes que possuíam planos de saúde — eram encaminhados para unidades de UTI particulares.
Os funcionários do Samu investigados recebiam propina para realizar esse direcionamento de pacientes. O pagamento era feito ou em dinheiro, diretamente, ou mediante depósito bancário, pelos proprietários ou representantes dessas UTIs, revelam os investigadores.
Além da irregularidade na rotina de encaminhamento de pacientes às UTIs, o Ministério Público constatou encaminhamentos desnecessários de pacientes — ou seja, pacientes atendidos pelo Samu que não demandavam internação em unidade de terapia intensiva eram desnecessariamente internados.
A fim de simular a gravidade do estado de saúde desses pacientes, os envolvidos no esquema chegavam a usar o método de ‘rebaixamento artificial de consciência do paciente’, obtida com a aplicação de medicamentos de efeito sedativo, para poder mantê-lo na UTI de hospitais particulares.