A popularidade de vídeos de sexo “caseiros” e a busca por conteúdos menos violentos, que respeitam os protagonistas, ajudam a explicar o sucesso de vídeos produzidos por “casais reais” nos sites pornôs. No PornHub, um dos principais sites desse tipo, as categorias “amadores” e “realidade” vêm crescendo ano a ano.

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Nos últimos anos, entre os produtores amadores de conteúdo pornô, aqueles que não são ligados a grandes produtoras do ramo, o número de “casais reais” impressiona. Em um dos relatórios recentes divulgados pelo PornHub, a conclusão foi de que as pessoas que acessam o site estão em busca de “representações mais realistas de sexo”. Na comparação entre 2022 e 2021, por exemplo, a busca por vídeos com estética caseira cresceu 179%.

“As pessoas estão buscando conteúdo que não apenas atenda às suas fantasias, mas que reflitam melhor suas vidas sexuais ou como gostariam que fosse”, afirma o autor do livro “Ethical Porn for Dicks” (“A ética pornô para pintos”, em tradução livre), o médico David Ley.

O crescimento de conteúdo produzido por “pessoas comuns” também é explicado pelo surgimento de sites como o Onlyfans. Fundada em 2016, a plataforma é uma rede social em que criadores podem cobrar pelo acesso a qualquer tipo de post – de cursos a performances artísticas.

A maioria das pessoas está lá para comprar e vender pornografia caseira, segmento que se fortaleceu na quarentena. O tabu em torno dele vem diminuindo, principalmente após a adesão de celebridades, como a atriz americana Bella Thorne e a brasileira Anitta. Essas plataformas também viraram as novas revistas eróticas, com a adesão massiva de subcelebridades, como os participantes de reality shows, a exemplos os ex-BBBs.

Os casais que criam pornô juntos geram conteúdo curto em busca de chamar atenção e “atrair usuários” para outras plataformas onde conseguem ganhar dinheiro, como é o caso do Onlyfans. São uma amostra grátis em busca de lucros. Alguns casais até produzem vídeos sem sexo explícito, publicados no YouTube ou em redes sociais. O objetivo é sempre o mesmo: chamar atenção para a possibilidade de vender conteúdo pornô em sites pagos.

O fortalecimento dos casais amadores também pode ser explicado pelas pessoas que buscam conteúdos considerados mais éticos. Há quem procure vídeos que respeitem os direitos dos protagonistas das cenas.

Isso é explicado, dentre outros fatores, pelo lançamento de documentários que criticam a condição de trabalho no mercado pornográfico (“Depois que o pornô acaba”, “Hot girls wanted”, “The dark side of porn”). Além de séries e filmes, são cada vez mais comuns os estarrecedores depoimentos de ex-atrizes pornô sobre as condições de trabalho. As mortes recentes de estrelas de filmes adultos também levaram a debates sobre o ramo.

“Casal real”

Dentre tantos casais que se destacam nos sites pornográficos, um dos destaques é o formado por Yiny e Leon, donos do perfil YinyLeon em plataformas variadas. O casal de origem porto-riquenha está junto há mais de 20 anos.

Na ativa desde 2018, eles relatam que no primeiro mês ganhavam US$ 2 mil (cerca de R$ 10 mil), mas a cifra só foi aumentando com o passar do tempo. No fim de 2022, eles disseram que faturaram em torno de US$ 25 mil por mês (ou R$ 125 mil) apenas no Pornhub.

No OnlyFans, a assinatura para ter acesso a vídeos e fotos exclusivos custa US$ 9,90 por mês. Os assinantes têm direito a avaliações de pênis gratuitas. Um mercado que também está em crescimento, explorando o narcisismo masculino.

No Instagram, ela tem mais de 2 milhões de seguidores (mais de 90% homens). Mas essas outras plataformas são apenas coadjuvantes para eles. “O Pornhub move tudo”, explicou Leon em entrevista recente. “Quando um vídeo é apresentado na página principal do site, esse vídeo atinge milhões de pessoas, que vão para o Instagram ou para o Twitter.”

Eles gravam duas a três cenas por semana e não se consideram atores pornôs. “O que nos fez chegar ao topo foi o fato de os vídeos parecerem reais”, conclui Yiny.