Carta aberta ao governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado

03 maio 2023 às 14h53

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por Uarian Ferreira*
Senhor governador,
Pesquisas autorizadas pela Agência Nacional de Mineração confirmaram em 2020 a existência de um grande enclave de águas quentes na divisa dos Municípios de Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul e Niquelândia, nas margens da GO-239, distante entre 12 e 29 km da Vila de São Jorge. Foram identificados três grandes grupos de jazidas de águas termais, com diferentes características hidroquímicas, temperaturas variando entre 28º e 42ºC e idade entre 1.800 e 7.800 anos. Surgentes na linha da Falha Geológica São Joaquim possuem vazões naturais que chegam até 248m3 por hora.

O conceito pensado para a exploração comercial das águas quentes do Projeto é o balneário termal terapêutico de contato com a natureza, integrado às centenas de locais de visitação da Chapada, entre eles o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), ParEst Águas do Paraíso etc.
A região não comporta o turismo de massa dos tradicionais parques aquáticos.

A temática de atração para as fontes de águas quentes do Projeto é a própria riqueza geológica, a natureza conservada, exuberante e mística presente da Chapada dos Veadeiros. Em razão disso com valorização dos recursos humanos e raízes culturais da região, o titular dos direitos minerários, em parceria com a Technum Consultoria, desenvolveu o PROJETO/CONCEITO TERMAIS CHAPADA DOS VEADEIROS – Oportunidade e Responsabilidade Socioambiental, disponibilizado no site www.colinastermais.com.br, desde 2017.
De dizer que a Technum Consultoria, dirigida pela urbanista e arquiteta Izabel Borges, foi a responsável pela elaboração do PDITS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável do Polo das Águas Termais – Caldas Novas e Rio Quente, para o Ministério do Turismo/Prodetur, em 2012.
Para as pesquisas minerárias, com registros iniciados em 2012, o subscritor desta Carta, que também é o minerador detentor dos direitos minerários, contratou equipe de geólogos e geofísicos do Instituto de Geociências da UNB, atraindo a comunidade acadêmica, que passou a colaborar cientificamente nos estudos de origem e gestão das águas quentes da Chapada dos Veadeiros, com formal apresentação à população da região.
O envolvimento da comunidade acadêmica com o Projeto resultou em artigo publicado pela editora Elsivier (Jan/2022) no “Groundwater Sustainable And Development”, o mais importante jornal científico na área de hidrogeologia e águas subterrâneas.
Intitulado “Hydrochemical and age constraints of the Chapada dos Veadeiros geothermal reservoir, central Brazil”, o artigo teve e autoria da geóloga Tassiane Junqueira, e co-autoria dos professores (PHd) do Instituto de Geociências da UnB e Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG, José Eloi Guimarães Campos, Marco Antônio Caçador Martins Ferreira, Flávio Henrique Freitas Silva e Jeremie Garnier ( https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2352801X22000017 )
O artigo internacional teve por base a dissertação de mestrado da citada geóloga com o título “Modelo Conceitual das Águas Termais da Região da Chapada dos Veadeiros: Estudos Estruturais, Hidroquímicos e Isotópicos”, aprovada com louvor pela banca examinadora do Instituto de Geociência da UnB(Fev/2020) –ttps://repositorio.unb.br/bitstream/10482/39021/1/2020_TassianePereiraJunqueira.pdf), com menção honrosa de produção científica da UnB, em 2022.
Em dezembro de 2021, através do DESPACHO n. 226/2021, a Superintendência de Mineração (SMIN) da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás (SIC-GO), formalmente reconheceu a existência de “um grande potencial para desenvolvimento de um polo turístico de água termal” no referido enclave.
O reconhecimento do potencial para o polo termal ocorreu com base nos relatórios de pesquisa apresentados pelo minerador na ANM, publicações acadêmicas e vistorias realizadas pela Gerência de Desenvolvimento Mineral (GEDAM/SIC), com observação para mais resultados.
Resultados que vieram com os poços tubulares.

O primeiro, perfurado no final de outubro de 2022, na área das jazidas do Grupo III, no município de Niquelândia, com 108 metros de profundidade, que apresentou vazão de 180- 200m3/hora, com temperatura entre 40 e 42ºC. O Relatório Final de Pesquisa Mineral Positiva e Viabilidade Econômica das jazidas e do poço/fonte, denominado Hanuman I, foi protocolizado em dezembro passado na ANM, já recebendo visita de coleta química do LAMIN-CPRM/ANM.

O segundo poço tubular, na área das jazidas do Grupo II, no município de Colinas do Sul, na Fazenda Chapadinha, postado 80 metros acima no nível de perfuração do Poço/Fonte Hanuman I, já obteve vazão de 25 m3/hora e temperatura variando de 29º e 30ºC, com a perfuração paralisada a 102 metros de profundidade, por conta das chuvas e retomada prevista para a segunda quinzena de maio próximo.
Embora haja surgências naturais com vazões e algumas com temperaturas elevadas, a opção por poços/fontes tubulares no Projeto, deve-se a possibilidade de controle da distribuição por até três quilômetros, trabalhando a perenização e o ajuste de temperaturas nas áreas balneárias, a qualquer hora do dia ou da noite. O controle assim feito, garante a permanência da atração turística, mesmo nos meses chuvosos e frios, de outubro a julho.
A inspiração para os nomes das fontes naturais pesquisadas e dos poços/fontes é a mística que permeia e atrai o turismo para a região.
Hanuman, que dá nome ao primeiro poço/fonte das jazidas termais do Grupo III, é o herói do épico Ramayana, devoto altruísta e solidário, conhecido por ter removido uma montanha para curar um moribundo.
Ramachandra ou Rama, é o príncipe encantado e que dá nome ao épico, símbolo do homem perfeito, filho, amigo, marido, guerreiro e governante.

A ideia é que as fontes e poços/fontes no Grupo I, II e III tenham nomes inspirando o conhecimento e leitura do Ramayana.
Sita, esposa e filha da Mãe Terra, e Laksmana, irmão do príncipe, já dão nomes a surgências naturais no Grupo I. Essa abordagem busca agregar significado e valor cultural aos nomes das fontes e poços, enriquecendo a experiência dos visitantes com a rica mitologia indiana e a história do épico Ramayana.
Lakshmi a deusa da fortuna e do poder feminino, também da mitologia hindu, dá nome a uma das fontes das jazidas do Grupo IV, na Fazenda Caldas, em Cavalcante.
Os princípios e proposições e os conhecimentos gerados pelas pesquisas do Projeto estão sendo apresentados ao Estado de Goiás pelo PAD SEI/GO 201700005012793, através do qual o Minerador também tem feito solicitações, a última delas, a inclusão do potencial do Polo Termal no Plano Estadual de Recursos Minerais – PERM/SIC/GOIÁS, com vistas às ações de infraestrutura para melhoramentos, abertura de vias e construção de pontes de passagem para visitação turística.
Solicitações que deverão ser ampliadas, com vistas à instalação do “Circuito das Águas Quentes da Chapada dos Veadeiros”, agora possível com a inclusão das jazidas do Grupo IV, localizadas na Fazenda Caldas, no município de Cavalcante, ao conjunto do Projeto. As águas quentes da Fazenda Caldas seguem a linha da Falha Geológica São Joaquim, no domínio fraturado do Sistema Aquífero Arai.
As águas quentes dos Grupos I, II e III pertencem aos sistemas Paranoá, Traíras e Cristalino, com percolações milenares, quase diluvianas, ocorridas no alto do PNCV, como já demonstraram as datações por Carbono 14 já realizadas. Os 230 mil hectares do PNCV são a principal área de recarga das águas quentes da região. Com as análises e perfurações das jazidas dos Grupos I e IV, espera-se a confirmação da existência de um super aquífero termal na região, já denominado “Super Veadeiros”.
A citada Fazenda Caldas encontra-se distante 40 km de Cavalcante, a 14 km do Catingueiro, dado como local de construção do Portal Norte do PNCV. O atual Portal Sul é na Vila de São Jorge, no município de Alto Paraíso.

Com temperaturas e surgência entre 35º e 38º Celsus, e vazão natural calculada de 60m3/hora, as jazidas do Grupo IV são estratégicas, tanto para a instalação do Circuito de Águas Quentes na Chapada dos Veadeiros, como também para a sustentabilidade funcional do Portal Norte-Catingueiro, integrando áreas com baixíssimo IDH, mas que são riquíssimos em locais para o desenvolvimento do turismo de contato com a natureza, balneário, termal terapêutico.
Sobre as águas quentes na Fazenda Caldas, vale destacar que até meados da década de 1920, quando a Coluna Prestes estacionou na Fazenda, eram tidas como curativas, recebendo gente de todos os sertões para temporadas na localidade. A presença da Coluna na região afugentou o povo e a memória curativa de visitação das águas se perdeu com o tempo.
A localização das jazidas, com os atuais 60m3/hora de surgências naturais permitem trabalhar a distribuição do recurso para inúmeros poços balneários nas grotas secas da Fazenda, sem contar as dezenas de quilômetros de margens e corredeiras do Rio Claro, propícios para rafting, canoagem etc, com condições para dar sustentabilidade também à visitação de possível vila de apoio que venha acontecer nas proximidades do Portal Norte, no Catingueiro.
Pela antiga estrada São Jorge-GO-239-entrada/Fazenda Próprio- Povoado de Capela-Cavalcante, com descida pela Serra da Cuia, a distância percorrida de São Jorge até as águas quentes do Grupo IV/Fazenda Caldas é de 85 km, dos quais cerca de 24 km pelo asfalto da GO-239, com entrada na placa da Fazenda Procópio.
A distância entre São Jorge e o povoado de Capela, por esta estrada antiga, é de mais ou menos 48 km, dos quais quase a metade pelo asfalto da GO-239. O atual caminho passando pelo centro da cidade de Colinas é de cerca de 82 km.

A retomada do trânsito pela estrada antiga, descendo a Serra da Cuia é de cenário exorbitante, com visão de todo o Vão do Rio Preto, da Serra do Tombador e dos cerca de 60 km de extensão da Serra de Santana, no lado norte do PNCV.
Retomada do trânsito pela estrada antiga, abrirá oportunidade para a abertura de centenas de pontos de visitação balneária ainda inexplorados, estimulando a abertura de receptivos balneários nos municípios de Colinas do Sul e Cavalcante, nos de 50 km de margens que dividem do Rio Preto, além de inúmeros cursos dágua das vertentes e cachoeiras descem do Parque Nacional para o Vão.
Para se ter ideia da importância da instalação do Portal Norte do PNCV, basta lembrar que o turismo de São Jorge com seus mais de mil e duzentos leitos atuais, teve sua sustentação inicial pela demanda dos turistas ao portal de entrada do Parque, instalado na localidade.
O certo é que a instalação do Portal Norte, no Catingueiro, com a exploração comercial das águas termais das jazidas do Grupo IV, dará oportunidade para que o município de Cavalcante tenha também sua vila gastronômica, com as raízes e culturas próprias, nas proximidades do Portal.
No que toca à distância de São Jorge e as jazidas do Grupo III/Fonte Hanuman/Niquelânia, esta seria de 23 km, com a construção de uma ponte sobre o Rio Tocantinzinho ligando os municípios de Niquelândia e Colinas, pela via de acesso São Jorge-GO-239-Chapadinha-Encontro das Água.
A ponte favoreceria a integração de um grande complexo, composto por atrativos existentes nas margens e cânions dos Rios São Miguel e Tocantinzinho, também dando acesso aos atrativos do Povoado do Garimpinho, Rio Bagagem, Bagaginho e Muquém.

A distância de São Jorge até Cataratas dos Couros, no Parque Estadual, são cerca de 38 km, via Go-239-Chapadinha-Encontro das Águas-transposição do Rio São Miguel, dos quais 14 km de asfalto.
O Circuito das Águas Quentes percorrido das jazidas de águas quentes do Grupo III/Fonte Hanuman/Niquelândia até as jazidas do Grupo IV/Cavalcante, passando pela estrada Encontro das Águas-Chapadinha-GO-239-estrada antiga-Capela-Cavalcante, com cerca de 96 km de percurso, perenizará o turismo de visitação à Chapada dos Veadeiros por todo o ano, dando sustentabilidade a milhares de empregos, rendas, receitas mesmo no período chuvoso e frio.
O Circuito, em toda a sua extensão, está na Rota Turística Brasília-Chapada dos Veadeiros/Cavalcante/Vila de São Jorge, do Programa INVESTE TURISMO, do Ministério do Turismo.
As demandas para o desenvolvimento e instalação do Polo e/ou Circuito das Águas Quentes na Chapada dos Veadeiros exige interlocuções e alinhamento de ações entre órgãos e agentes do Estado de Goiás e do Governo Federal, com municípios, empreendedores, investidores macro, população e pequenos investidores locais.
Nesta situação, é de grande importância a eleição de um agente interlocutor e/ou coordenador junto ao Governo do Estado de Goiás para abreviar as soluções.

Embora o Projeto/Conceito Termais Chapada dos Veadeiros se desenvolva de modo privado, a mente que até agora o conduz é de natureza coletiva, da Democracia Participativa, de intervenção colaborativa para com as políticas públicas de inclusão e sustentabilidade da democracia Representativa.
O Estado de Goiás sempre foi o grande indutor de desenvolvimento social no nordeste Goiano e Vossa Excelência conhece com profundidade a Chapada dos Veadeiros, e sempre atento ao seu povo, sua cultura e ao seu potencial para o turismo de contato com a natureza.
Além de dar conhecimento à população e aos empreendedores já instalados na localidade para a viabilidade comercial, sustentabilidade e oportunidades de negócios para exploração turística das águas quentes na área das jazidas sob pesquisa do Projeto/Conceito Termais Chapada dos Veadeiros, a razão desta Carta Aberta é solicitar de Vossa Excelência nomeação de agente e/ou órgão no Governo do Estado de Goiás que concentre a recepção, coordenação, interlocução e alinhamento das demandas junto aos órgãos e entidades estaduais, federais e municipais, para a instalação do Polo e Circuito das Águas Quentes na região, em primeiro momento demandando os seguintes requerimentos, parte deles constando da petição inicial, datada de 08.10.2017, do PAd SEI/GO 201700005012793:
a.- prioridade na concessão dos títulos definitivos aos posseiros da Gleba São Joaquim, área das jazidas de águas quentes dos Grupos I e II;
b.- alinhamento de ações com o Governo Federal (ICMBio) para a instalação do Portal Norte do PNCV no Catingueiro;
c.- construção de trevo na GO-239 e asfaltamento de via de acesso até o Encontro das Águas, com extensão:
- também asfaltamento para o trecho que desce para o ponto de construção da ponte sobre o Rio Tocantizinho, ligando os municípios de Colinas e Niquelândia (coordenadas aproximadas: 14º16’38”S / 47º55’58”W), aproximando São Jorge das fontes de águas quentes das Jazidas do Grupo III, Garimpinho e lado esquerdo dos cânions do Rio Tocantinzinho;
- também asfaltamento para o trecho que desce para o ponto indicado para a ponte sobre o Rio São Miguel, facilitando o acesso São Jorge–Cânions do Rio Tocantinzinho-Cataratas dos Couros/ParEste (coordenadas aproximadas: 14°16’231’S / 47°54’894’O);
- melhoramento das vias de acesso e tráfego de veículos pequenos via passagem do Rio São Miguel até o ParEst Águas do Paraíso e Cânions do Rio Tocantinzinho.
c.- construção de trevo na GO-239, com melhoramento e reabertura do trânsito pela estrada antiga, trecho que vai GO-239, na entrada da placa Procópio, até o Povoado de Capela, com distância aproximada de 30 km;
d.- construção de trevo de acesso na GO-239 para a área do complexo turístico Restaurante Pé de Serra;
g.- construção de trevo de acesso na GO-239 para os complexos de visitação Restaurante Na Mata, Rio da Lua, Raizama etc.
- construção de trevos de acessos nas GO-239, nas saídas Sul e Norte, da Vila de São Jorge;
l.- ações para recuo de cercas e imposição de respeito das faixas de 40 metros dos domínios lindeiros da GO-239, com adequações para uso tropeiro das margens no trecho Colinas do Sul-Alto Paraíso, de modo a dar segurança aos cavaleiros e turistas nas movimentações tradicionais da Caçadas da Rainha, Giros das Folias e romarias, bem como incentivar a instalação de negócios turísticos e terapêuticos equestres na região, entre eles a profissionalização dos serviços de cavalgadas de médios e longos cursos, retomando os percursos pelos ricos cenários e silêncios das trilhas antigas rumo aos sertões do Rio São Félix, Vãos do Moleque e Almas, Serra do Tombador, Santana, Garimpinho, Muquém, adjacências do PNCV, ParEst Águas do Paraíso entre outros;
m.- extensão da pista de ciclismo na GO-239 de São Jorge até Colinas do Sul, seguindo o padrão da ciclovia já existente no trecho Alto Paraíso-São Jorge, de modo a favorecer o turismo ciclístico, profissional e de aventuras na região, serviços e negócios afins.
Assista ao vídeo do poço na região:
Desejando saúde e vida longa a Vossa Excelência e no aguardo de contato,
Uarian Ferreira é advogado, minerador titular e idealizador do Projeto Termais Chapada dos Veadeiros
E-mails: [email protected] e [email protected]