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Sessão foi marcada por acusações Santana Gomes (PRTB) sobre secretário municipal de saúde, e pelo Clécio Alves (MDB), que exigiu a expulsão do ex-vereador Djalma Araújo do plenário

A primeira sessão plenária da Câmara de Vereadores de Goiânia, após retorno das atividades legislativas, é marcada por discussões acaloradas entre os parlamentares e acusações contra o Paço Municipal. Apesar de grandes expectativas acerca de matérias do Executivo, como o Plano Diretor, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Código Tributário e a Taxa de Limpeza Pública (TPL), nenhuma dessas matérias esteve na pauta do dia. A TLP, no entanto, foi lida em plenário e será direcionada à Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ).

O principal foco da sessão, que teve quase duas horas e vinte minutos de duração, foi o intenso debate entre os vereadores. Com destaque para Santana Gomes (PRTB). O parlamentar utilizou a tribuna para acusar o secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, de ter tentado roubar R$ 37 milhões, por meio do pregão eletrônico que foi feito pela Prefeitura para contratação da empresa Biovida DNA Exames de Paternidades e Imunizações Ltda. para aplicar até 1 milhão de doses de imunizantes contra o coronavírus na cidade. Isso, porque a referida empresa foi considerada a de melhor lance quanto ao valor da dose a ser aplicada, que sairia por R$ 47,38 e resultaria em um gasto total de R$ 47,48 milhões pelo Paço Municipal.

“Secretário Durval, devolve os R$ 37 milhões que o senhor tentou roubar da Prefeitura de Goiânia através desse esquema de 1 milhão de vacinas. ‘Ah, mas eu não assinei o contrato’. A intenção é maior, então a partir de hoje, na minha concepção, o senhor é um criminoso”, bradou o vereador do PRTB. A licitação das vacinas por R$ 47,38 foi cancelada devido a uma oferta bem mais barata realizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi), de R$ 9,98 a dose.

Santana Gomes ainda chegou a passar o pedaço de um vídeo do secretário da Saúde na reunião extraordinária da Comissão de Intergestores Bipartite de Goiás (CIB), em que Durval comenta o caso de mães lactantes que solicitaram prioridade na imunização da Covid-19.  “Se deixar, daqui a pouco, as mães vão estar dando mamá para as crianças de seis anos só para tomar vacinas”, disse o secretário na ocasião.

Ao obter fala na tribuna, o vereador Clécio Alves (MDB) se colocou em defesa do secretário, enquanto exemplificava suas falas com lembranças de quando foi presidente da Casa. “Ser investigado não é crime nenhum. Quantas vezes eu já fui investigado quando fui presidente dessa Casa? Ex-vereador que hoje é assessor de vereador aqui ficava me denunciando covardemente. Agora procura o processo que eu fui condenado. Agora vem dizer que o secretário está roubando R$ 37 milhões? Respeito! Se fosse eu, eu processava vossa excelência, que é meu amigo”, respondeu o parlamentar.

“Covarde, covarde”, completou Clécio, sobre o vereador da antiga legislatura, o qual se referia em sua fala. “Covarde é você”, foi a resposta vinda de Djalma Araújo, o parlamentar mencionado por Clécio, na tribuna da imprensa. Ao avisar o ex-parlamentar o atual assessor do vereador Mauro Rubem (PT) no plenário, Clécio Alves passou a pedir, aos gritos, a expulsão do homem do local. “Tira ele daqui. Eu sou vice-presidente da Câmara. Tira aquele ‘caboco’ daqui. Saia do plenário agora”, bradou, enquanto batia a mão na tribuna para deixar sua fala ainda mais incisiva.

Apesar de agentes da Guarda Municipal terem ido em direção a Djalma, Mauro Rubem (PT) interviu na situação, afirmando que, “se alguém tiver algum problema com o trabalhador Djalma Araújo nessa casa, fale comigo”. Na tentativa de apaziguar a situação, o presidente da Casa, Romário Policarpo (Patriota), interveio e disse que o assessor não seria retirado do plenário. “Ele se encontra no local destinado à imprensa, se eu pedir a retirada dele daquele local, terei que pedir a retirada de todos os membros da imprensa”, pontuou. Pelo comentário de Djalma, no entanto, Policarpo afirmou que será aberto um processo administrativo contra o servidor por falta de respeito contra um parlamentar.

“Quem esteve aqui com ele como eu estive, sabe que ele foi um vereador covarde que trabalhava de dia e de noite para desmoralizar esse poder”, justificou Clécio Alves, em entrevista, após se retirar da tribuna. Procurado pela imprensa, o ex-parlamentar que vereador da Casa Legislativa por 24 anos, afirmou que Clécio responderá na justiça pelas ofensas que desferiu a ele, na manhã desta terça-feira.

“Hoje estou saindo daqui humilhado pela postura irresponsável desse cidadão. Fiquei aqui por 24 anos e vocês podem acompanhar meu trabalho com muita seriedade. Esse cidadão me acusar de canalha e ladrão nada justifica. As palavras dele ‘nojento’ e ‘escrupuloso’ serão motivo de uma ação na Justiça. Quero que ele prove minha canalhice”, disse Djalma, que aproveitou a ocasião para dizer que, as afirmações de Clécio eram baseadas em um ódio “porque eu fiscalizei a gestão dele durante dois anos”.